MATO GROSSO DO SUL: Diretor anula suspensão de alunos em suposto caso de racismo

Fonte: Midiamax –

por Valquiria Oriqui

 

Encamina-se para terminar bem o caso de suposto racismo ocorrido nesta semana, com alunos da escola estadual Arthur de Vasconcellos, no bairro Estrela do Sul. O diretor da unidade Ionedes Vilela Moreira anulou a suspensão imposta a dois estudantes negros envolvidos em uma discussão com outra aluna, branca. Ela teria ofendido os anulos negros.

 

O diretor chegou a ser citado por pais e alunos como suspeito de omissão e conivência no suposto caso de racismo, já que puniu somente os estudantes negros, exatamente eles que reclamaram de agressão por parte da aluna branca. O fato aconteceu na noite da segunda-feira, 23. A denúncia foi feita por um pai de aluno ao líder do movimento negro de Campo Grande, Nilton Gomes Ferreira.

 

Antônio Borges, atual presidente do ICCAB (Instituto Casa da Cultura Afro Brasileiro) e ex-presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro, informa que tudo foi resolvido pacificamente. “Fizemos uma reunião e o diretor retirou a suspensão”, contou Borges ao destacar que será realizado, no ano que vem, campanhas de combate ao racismo dentro dessa e de outras escolas de Mato Grosso do Sul.

 

Durante a reunião o diretor alegou que o aluno que teria sofrido o racismo, não teria levado o fato ao seu conhecimento. Segundo Ionedes, o menino teria dito apenas que foi xingado, mas não explicou em que termos.

 

A outra aluna que também havia sido suspensa das aulas participou da reunião e conta que não ficou 100% satisfeita. “Por enquanto o problema foi resolvido, mas vai saber se não vai mais acontecer. Não foi a primeira vez e tenho medo que não seja a última”, lamenta a adolescente. Ela conta que após a reunião de hoje, Borges passou de sala em sala falando sobre o racismo, alertando e orientando os alunos.

 

O caso

 

O caso teria ocorrido da seguinte forma: na segunda-feira (23), dois meninos estavam andando em direção à quadra poliesportiva da escola quando uma menina, branca, desceu correndo e esbarrou em um deles. A menina foi até a sala do diretor e disse que o garoto havia passado a mão em suas nádegas. Em seguida, foi até a quadra da escola e começou a xingar o garoto, que é negro.

 

A menina branca teria usado termos racistas e agredido não somente ele, mas outros estudantes negros que estavam no local, naquele momento. Ela teria chamado os garotos de “macacos”, “sujos”, “bando de pretos fedidos”. Uma outra menina, também negra, ofendida com os insultos, deu um tapa no rosto da garota branca.

 

Na terça-feira (24), um grupo de estudantes negros levou o caso até o diretor do colégio, Ionedes Villela Moreira. A reação do diretor foi surpreendente: ele advertiu o menino negro (que teria passado a mão na garota branca) e advertiu também a menina negra que deu o tapa no rosto da garota branca.

 

O diretor não teria considerado os testemunhos das pessoas que presenciaram os fatos. A garota branca, que teria proferido ofensas racistas, não foi sequer advertida, quanto mais punida. Ela já teria pedido transferência da escola.

Matéria original

+ sobre o tema

Morre cedo a gente negra

Antônio Bispo do Santos, o popularíssimo pensador quilombola conhecido...

Entrada de professores negros em universidades públicas é abaixo de 1%

O percentual de pretos e pardos nomeados para trabalhar...

Comitiva da ONU aponta impunidade de crimes contra negros no Brasil

A suscetibilidade de jovens negros da zona rural diante...

A potência é o farol

A semana termina com o Rio de Janeiro expondo,...

para lembrar

Racismo no Carrefour: Carrefour indeniza cliente confundido com ladrão em loja da Grande SP

Januário Alves de Santana foi agredido por segurança em...

PMs acusados de racismo ainda estão trabalhando

  Alain Lisboa  Corporação espera parecer da...

Faxina de preconceito no Twitter

O perfil @aminhaempregada expõe o preconceito na rede A leitura...
spot_imgspot_img

Unicamp abre grupo de trabalho para criar serviço de acolher e tratar sobre denúncias de racismo

A Unicamp abriu um grupo de trabalho que será responsável por criar um serviço para acolher e fazer tratativas institucionais sobre denúncias de racismo. A equipe...

Peraí, meu rei! Antirracismo também tem limite.

Vídeos de um comediante branco que fortalecem o desvalor humano e o achincalhamento da dignidade de pessoas historicamente discriminadas, violentadas e mortas, foram suspensos...

‘Moro num país racista’, diz empresário que encerrou contrato de R$ 1 mi por ser chamado de ‘negão’

Nem o ambiente formal de uma reunião de negócios foi capaz de inibir uma fala ofensiva, de acordo com Juliano Pereira dos Santos, diretor...
-+=