Merkel bolivariana? Alemanha aprova cotas para mulheres nas cúpulas das grandes empresas

“Não podemos nos permitir renunciar à competência das mulheres”, afirmou a chanceler Angela Merkel diante do parlamento; a medida já foi criticada por setores empresariais do país. Como seria a grita se fosse adotada no Brasil?

Do: Revista Fórum

Na última terça-feira (25), coalizão da chanceler alemã Angela Merkel aprovou a criação de cotas para mulheres nas cúpulas das grandes empresas do país. De acordo com a norma, que poderá valer a partir de 2016, 30% dos membros dos conselhos fiscais dessas corporações deverão ser compostos por pessoas do sexo feminino.

“Não podemos nos permitir renunciar à competência das mulheres”, afirmou Merkel ontem (26), diante do parlamento (Bundestag), durante o debate geral dos orçamentos de 2015, depois que o consenso foi alcançado no dia anterior pelas lideranças de sua coalizão – Horts Seehofer, líder da União Social-Cristã da Baviera; Sigmar Gabriel, do Partido Social-Democrata (SPD); além da própria chanceler, chefe da União Democrata-Cristã (CDU).

“Esta lei é um passo importante rumo à igualdade, porque introduzirá, além disso, uma mudança cultural no mundo laboral”, declarou a ministra da Família e da Mulher, a social-democrata Manuela Schwesig, defensora ferrenha da medida. Já Merkel, até pouco tempo, era contra a proposta – ela preferia a inserção “natural e gradual” das mulheres no mundo empresarial alemão. A chefe de Estado teria mudado de ideia ao ver que, nos últimos anos, a representatividade feminina permaneceu baixa neste campo.

A cota para mulheres tem ainda um importante passo rumo à implantação. Em 11 de dezembro, será analisada pelo Conselho de Ministros de Merkel, que poderá impor sanções às empresas cujos conselhos fiscais não alcançarem a porcentagem proposta.

A Federação de Associações de Empresários (BDA) e alguns consórcios que cotam no DAX30 (o conjunto de 30 companhias abertas de melhor performance financeira da Alemanha) já teceram críticas à medida. Caso fosse adotada no Brasil, não é difícil imaginar que a recepção à ideia teria uma dimensão, no mínimo, semelhante.

*Com informações da Agência EFE

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