O número de mortos em Moçambique não pára de subir na sequência do ciclone Idai. Ao JN, o escritor Mia Couto descreve o drama que atinge o país.
Por Ivo Neto, do JN
Como descreve a situação que se vive atualmente na região da Beira?
A situação é apocalíptica. Mas começa a haver sinais de resposta. A ajuda está a chegar e os residentes estão a dar os primeiros passos para reconstruir a cidade e refazer as condições imediatas para sobreviverem. A situação mais grave agora é aquela que se vive na periferia da cidade e nas regiões vizinhas do Buzi e Dondo.
Qual é o maior risco que as populações correm neste momento?
Para alguns é o risco da sobrevivência imediata. Ainda há muita gente em cima de ruínas, de telhados e de árvores à espera de socorro. Estão assim há mais de três dias. Muita gente está a desfalecer de fome, de sede e sem abrigo.
O que mais necessitam as populações locais?
De tudo. Há milhares de pessoas que têm apenas a roupa que está no corpo. Muitas já se encontram em abrigos construídos para este efeito.
Como avalia a resposta internacional? O país está a receber ajuda humanitária?
No geral, sim. É estranho que alguns países irmãos, que são da mesma língua e história, não tenham feito nada.
E os meios locais. Têm capacidade para responder a uma catástrofe desta natureza?
Não existe capacidade interna para uma tragédia desta magnitude. A ajuda a Moçambique tem que ser bem mais do que aquela que provem do voluntariado. É preciso alguma coisa à escala de governos e das Nações Unidas.