Milton Nascimento deu entrevista para O Tempo, de MG, sobre sua live, e acabou falando do Brasil:
Você já foi vítima de racismo na infância, na carreira, já se posicionou contra esse tipo de preconceito diversas vezes. Devido aos recentes acontecimentos, houve diversos protestos pelo mundo e artistas e outras personalidades levantaram suas vozes contra o racismo.
Toda essa mobilização pelo mundo é uma prova de que nada disso ia ficar em vão. Mas é muito importante que esse movimento agora ganhe mais força. É preciso continuar, porque é só o começo. Minha vida foi marcada pelo racismo, e isso desde a minha infância em Três Pontas, onde nem no clube da cidade me deixavam entrar. Eu ficava ouvindo os shows na praça, do lado de fora. E esse é só um único fato. O racismo, infelizmente, está aí até hoje, em todos os lugares e, aqui no Brasil, cada dia mais escancarado.
Como sua relação com a cultura indígena influenciou seu pensamento sobre o assunto?
O ator Mário Frias foi nomeado recentemente para a Secretaria Especial de Cultura, a quinta pessoa a ocupar o cargo em 17 meses de governo Bolsonaro. Que mensagem isso te passa?
Antes fosse só essa a preocupação, pelo contrário. A tragédia é muito maior que isso. Temos um governo que não confia em nada que seja relacionado à ciência. Um governo que faz piada com a palavra dos cientistas e, além de todo esse absurdo, os caras ainda têm um desprezo absoluto pela arte, pela tradição e pela história do próprio país. É uma tragédia sem parâmetro.