Ministério lança curso sobre saúde da população negra.

O Ministério da Saúde lançou ontem, quarta-feira (22/10), em Brasília, o curso Saúde Integral da População Negra ofertado pela Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS). “O combate ao racismo é fundamental. Mais do que organizar práticas de atenção à saúde, tratamos da redução da desigualdade étnico-racial, o combate ao racismo e a discriminação nas instituições e serviços do SUS”, ressaltou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

O curso propõe sensibilizar profissionais de saúde para questões e demandas específicas da população negra, ao mesmo tempo sugere reflexões sobre racismo institucional e suas consequências para a saúde. O curso foi idealizado a partir de proposições do Comitê Técnico de Saúde da População Negra. As matrículas já estão abertas (clique aqui).

O racismo institucional se manifesta por normas, práticas, comportamentos discriminatórios e negligência, causadas por desconhecimento, falta de atenção, preconceito ou estereótipos racistas. Um marco importante a respeito do atendimento e acesso da população negra à saúde é o Estatuto da Igualdade Racial, instituído em 2010.

“Para muitos isto pode parecer um passo simples de introdução de um módulo de formação. Na verdade é um ato que rompe com um conjunto de processos e coloca na formação dos profissionais do SUS uma temática delicada e de alta relevância para a sociedade brasileira. Sem ações concretas não podemos avançar”, observou o secretário de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP), André Bonifácio. “É uma iniciativa concreta em relação ao enfrentamento do racismo institucional e também uma ação para que possamos transversalizar as políticas de equidade na formação dos processos de educação permanente que desenvolvemos”, acredita o diretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges/ SGTES), Alexandre Medeiros de Figueiredo.

O curso foi desenvolvido pelos Departamentos de Apoio à Gestão Participativa (DAGEP/SGEP) e de Gestão da Educação em Saúde (DEGES/SGETS) para profissionais da atenção básica vinculados ao Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (PROVAB) e/ou ao Programa Mais Médicos, além de profissionais que atuem no SUS.

“Todo o conhecimento e experiência que a Una-SUS tem para construir cursos com tanta interatividade e grande capacidade de diálogo, produzirá frutos importantes para a consolidação do SUS no que tange a formação dos profissionais na perspectiva da equidade”, garantiu o diretor de Desenvolvimento da Educação em Saúde do Ministério da Educação (MEC), Vinicius Ximenes, que também participou do lançamento.

De acordo com o coordenador do Plano Juventude Viva da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Felipe Freitas, o módulo sobre a Saúde Integral da População Negra e a consolidação do que considera central na promoção da igualdade racial: o enfrentamento ao racismo institucional em particular no campo da saúde. “Investir na formação dos profissionais da saúde neste tema é fundamental para que tenhamos resultados exitosos na consolidação de uma sociedade democrática, porque enquanto na prestação dos serviços públicos tiver práticas discriminatórias ou violentas, ela não é consolidada”, acredita.

Metodologia – Todos os módulos do curso Saúde Integral da População Negra’, serão oferecidos pela plataforma de educação a distância (EAD) e terão 45h de duração. Os módulos ofertados são multiprofissionais e autoinstrucionais. Os participantes não serão assistidos por tutoria virtual.

Com base na Política Nacional, o Ministério da Saúde tem como diretrizes incluir os termas racismo e saúde na formação e educação permanente dos trabalhadores e controle social da saúde, ampliar e fortalecer a participação do movimento negro nas instâncias de controle social e também desenvolver processos de informação, comunicação e educação que desconstruam preconceitos e fortaleçam uma identidade negra positiva.

 

Fonte: SINFARMIG

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