Depois das demonstrações de preconceito e racismo postadas por diversos internautas na rede de relacionamentos Orkut, em comunidades virtuais como “Eu odeio nordestino” e “Lugar de Nordestino é no Nordeste”, representantes do poder judiciário local começaram a dar os primeiros passos para o combate ao crime na rede mundial de computadores. O Ministério Público Estadual encaminhou ontem ofícios à Polícia Federal e aos Ministérios Públicos Federal e de São Paulo, identificando os cinco mediadores da comunidade “Eu odeio nordestino”, uma das mais populares sobre o tema, com 255 membros.
De acordo com o procurador José Lopes Filho, especialista em crimes cibernéticos e um dos quatro promotores em todo o Brasil, com respaldo para solicitar ao Google a retirada de páginas consideradas abusivas na internet, a atribuição agora assume a esfera federal. “O próximo passo é a solicitar ao Google a quebra dos IPs [Protocolo de identificação dos usuários da internet ], que vai nos dar o endereço dessas pessoas. Depois será a vez dos pedidos de prisão e ouvidas individuais de cada um desses internautas que contribuíram para a prática do preconceito na internet. Eles acreditam que vão ficar impunes por se tratar do mundo virtual, mas garanto que receberão a punição que merecem”, adiantou ao explicar que só não pediu a retirada da comunidade na internet para não dispersar os envolvidos. “Se eu peço a retirada desta página, fica mais difícil identifica-los e saber de que computadores partiram as palavras ofensivas”, explicou.
Os comentários de ódio aos nordestinos tomaram força depois do último dia 17 de junho, quando começou a repercussão sobre as fortes chuvas que devastaram os estados de Pernambuco e Alagoas, deixando 57 mortos e cerca de 159 mil pessoas sem abrigo nos dois locais. Enquanto grande parte do país se mobilizava numa corrente de solidariedade, enviando donativos e trabalho voluntário às vítimas das enchentes, um grupo de jovens incitava a perseguição aos nordestinos, comportamento tão chocante quanto a própria tragédia. Em um dos posts, um internauta identificado como João Ribeiro Neto, escreveu: “No fundo, no fundo, tenho dó de nordestino, explico: Numa metade do ano morrem na seca e na outra metade morrem na enchente…rs, Obrigado , meu Deus, por não ser nordestino!”. Uma das moderadoras da comunidade Odeio Nordestino, que se intitula como Fab iana fez um novo comentário ontem: “Esses deploráveis escarneceram dos nossos mortos nas enchentes (causadas pelo lixo deles mesmos), agora estão se fazendo de coitadinhos ?”
Uma outra usuária, que assinava por Julia Shellman, havia declarado “Pessoal com essas enchentes no Nordeste acho que os cabeçudos vão vir em massa pra SP, tô muito preocupada com isso. Vai ter mais lixo do que já tem aqui”. No entanto, horas depois dos comentários terem sido divulgados em matérias jornalísticas, a jovem mudou o perfil, assumindo a identidade Amanda Salles. “Já rastreamos o novo nome da usuária e não vamos tolerar esse tipo de comportamento racista e discriminatório”, adiantou o promotor Lopes.
Também em resposta às graves acusações, a Polícia Federal vai enviar à Brasília o pedido de investigação. No Distrito Federal, a central da PF recebe todas as denúncias, que podem ser feitas por pessoas físicas ou jurídicas e dá início ao processo de identificação dos responsáveis. “Vamos encaminhar o ofício do MPPE à Brasília para tomar as providências cabíveis, mas já adianto que qualquer um pode denunciar um conteúdo abusivo na internet através do sitehttp://denuncia.pf.gov.br “, informou o assessor de comunicação da Polícia Federal em Pernambuco, Giovani Santoro.
A Ordem dos Advogados do Brasil, secção Pernambuco (OAB-PE) que havia se manifestado em repúdio aos comentários preconceituosos também vai enviar pedidos de identificação e responsabilização de todos os envolvidos nas declarações. “Encontramos nos comentários virtuais, o crime de racismo, previsto no artigo 20 da Constituição Federal que é imprescritível e inafiançável. Se condenados, os responsáveis podem pegar de dois a cinco anos de prisão. Além de ratificar a solicitação movida pelo Ministério Público Estadual, vamos solicitar à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal que cada indivíduo responda individualmente por este crime facista “, declarou o presidente da OAB-PE, Henrique Mariano.
Repercussão – No primeiro dia depois da divulgação da reportagem sobre o preconceito aos nordestinos , muitos comentários haviam sido apagados da comunidade. No entanto, os mesmos usuários chegaram a criar outros tópicos de discussão. Em um deles intitulado como “Onde estava o jornaleco quando”, a internauta Fab iana questiona a credibilidade da imprensa que denunciou os abusos: “Não bastasse nos explorar como exploram, agredir nossa cultura, encher nossa terra de lixo, nos desrespeitar, os agressores nordestinos nos fazem ameaças?”. O moderador de uma das comunidades, que se identifica como General Mc Dowell, desafia o Ministério Público com a declaração “Se o ministerio publico quiser eu apareço…em pessoa… nao tenho medo de nada e nem devo nada a ninguem” e incorporou ao seu perfil, a frase “Nao adianta querer me excluir porque eu sempre volto e faço outro perfil, e outro, e outro. sem desistir jamais !!!”.
Durante todo o dia de ontem, o site DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR recebeu mais de 20 mensagens de nordestinos, que inconformados com os comentários ou com preconceitos que sofrem no dia a dia, manifestaram suas opiniões via Twitter ou na página do site. “São cabeças ocas e ociosos como todos os criminosos…são parasitas da nação!”, escreveu o internauta Marcos Antonio Martins. “Já passou da hora dessa causa vir a tona. Fala-se tanto de discriminação aos negros, mas a realidade é que a discriminação ocorre muito mais com os nordestinos. Em Goiânia-GO, uma namorada terminou comigo porque a mãe dela não queria que ela namorasse nordestino”, revelou José Anísio Barreto.“MP esta na hora de mostrar para eles que aqui não é terra de cão sem dono, que há ordem e lei,e temor à Deus e respeito aos semelhantes”, postou Luiz André Ferreira.
Por Elian Balbino
Fonte: Diário de Pernambuco.com.br
Depois das demonstrações de preconceito e racismo postadas por diversos internautas na rede de relacionamentos Orkut, em comunidades virtuais como “Eu odeio nordestino” e “Lugar de Nordestino é no Nordeste”, representantes do poder judiciário local começaram a dar os primeiros passos para o combate ao crime na rede mundial de computadores. O Ministério Público Estadual encaminhou ontem ofícios à Polícia Federal e aos Ministérios Públicos Federal e de São Paulo, identificando os cinco mediadores da comunidade “Eu odeio nordestino”, uma das mais populares sobre o tema, com 255 membros.
De acordo com o procurador José Lopes Filho, especialista em crimes cibernéticos e um dos quatro promotores em todo o Brasil, com respaldo para solicitar ao Google a retirada de páginas consideradas abusivas na internet, a atribuição agora assume a esfera federal. “O próximo passo é a solicitar ao Google a quebra dos IPs [Protocolo de identificação dos usuários da internet ], que vai nos dar o endereço dessas pessoas. Depois será a vez dos pedidos de prisão e ouvidas individuais de cada um desses internautas que contribuíram para a prática do preconceito na internet. Eles acreditam que vão ficar impunes por se tratar do mundo virtual, mas garanto que receberão a punição que merecem”, adiantou ao explicar que só não pediu a retirada da comunidade na internet para não dispersar os envolvidos. “Se eu peço a retirada desta página, fica mais difícil identifica-los e saber de que computadores partiram as palavras ofensivas”, explicou.
Os comentários de ódio aos nordestinos tomaram força depois do último dia 17 de junho, quando começou a repercussão sobre as fortes chuvas que devastaram os estados de Pernambuco e Alagoas, deixando 57 mortos e cerca de 159 mil pessoas sem abrigo nos dois locais. Enquanto grande parte do país se mobilizava numa corrente de solidariedade, enviando donativos e trabalho voluntário às vítimas das enchentes, um grupo de jovens incitava a perseguição aos nordestinos, comportamento tão chocante quanto a própria tragédia. Em um dos posts, um internauta identificado como João Ribeiro Neto, escreveu: “No fundo, no fundo, tenho dó de nordestino, explico: Numa metade do ano morrem na seca e na outra metade morrem na enchente…rs, Obrigado , meu Deus, por não ser nordestino!”. Uma das moderadoras da comunidade Odeio Nordestino, que se intitula como Fab iana fez um novo comentário ontem: “Esses deploráveis escarneceram dos nossos mortos nas enchentes (causadas pelo lixo deles mesmos), agora estão se fazendo de coitadinhos ?”
Uma outra usuária, que assinava por Julia Shellman, havia declarado “Pessoal com essas enchentes no Nordeste acho que os cabeçudos vão vir em massa pra SP, tô muito preocupada com isso. Vai ter mais lixo do que já tem aqui”. No entanto, horas depois dos comentários terem sido divulgados em matérias jornalísticas, a jovem mudou o perfil, assumindo a identidade Amanda Salles. “Já rastreamos o novo nome da usuária e não vamos tolerar esse tipo de comportamento racista e discriminatório”, adiantou o promotor Lopes.
Também em resposta às graves acusações, a Polícia Federal vai enviar à Brasília o pedido de investigação. No Distrito Federal, a central da PF recebe todas as denúncias, que podem ser feitas por pessoas físicas ou jurídicas e dá início ao processo de identificação dos responsáveis. “Vamos encaminhar o ofício do MPPE à Brasília para tomar as providências cabíveis, mas já adianto que qualquer um pode denunciar um conteúdo abusivo na internet através do sitehttp://denuncia.pf.gov.br “, informou o assessor de comunicação da Polícia Federal em Pernambuco, Giovani Santoro.
A Ordem dos Advogados do Brasil, secção Pernambuco (OAB-PE) que havia se manifestado em repúdio aos comentários preconceituosos também vai enviar pedidos de identificação e responsabilização de todos os envolvidos nas declarações. “Encontramos nos comentários virtuais, o crime de racismo, previsto no artigo 20 da Constituição Federal que é imprescritível e inafiançável. Se condenados, os responsáveis podem pegar de dois a cinco anos de prisão. Além de ratificar a solicitação movida pelo Ministério Público Estadual, vamos solicitar à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal que cada indivíduo responda individualmente por este crime facista “, declarou o presidente da OAB-PE, Henrique Mariano.
Repercussão – No primeiro dia depois da divulgação da reportagem sobre o preconceito aos nordestinos , muitos comentários haviam sido apagados da comunidade. No entanto, os mesmos usuários chegaram a criar outros tópicos de discussão. Em um deles intitulado como “Onde estava o jornaleco quando”, a internauta Fab iana questiona a credibilidade da imprensa que denunciou os abusos: “Não bastasse nos explorar como exploram, agredir nossa cultura, encher nossa terra de lixo, nos desrespeitar, os agressores nordestinos nos fazem ameaças?”. O moderador de uma das comunidades, que se identifica como General Mc Dowell, desafia o Ministério Público com a declaração “Se o ministerio publico quiser eu apareço…em pessoa… nao tenho medo de nada e nem devo nada a ninguem” e incorporou ao seu perfil, a frase “Nao adianta querer me excluir porque eu sempre volto e faço outro perfil, e outro, e outro. sem desistir jamais !!!”.
Durante todo o dia de ontem, o site DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR recebeu mais de 20 mensagens de nordestinos, que inconformados com os comentários ou com preconceitos que sofrem no dia a dia, manifestaram suas opiniões via Twitter ou na página do site. “São cabeças ocas e ociosos como todos os criminosos…são parasitas da nação!”, escreveu o internauta Marcos Antonio Martins. “Já passou da hora dessa causa vir a tona. Fala-se tanto de discriminação aos negros, mas a realidade é que a discriminação ocorre muito mais com os nordestinos. Em Goiânia-GO, uma namorada terminou comigo porque a mãe dela não queria que ela namorasse nordestino”, revelou José Anísio Barreto.“MP esta na hora de mostrar para eles que aqui não é terra de cão sem dono, que há ordem e lei,e temor à Deus e respeito aos semelhantes”, postou Luiz André Ferreira.
Por Elian Balbino
Fonte: Diário de Pernambuco.com.br