Ministra Maria do Rosário diz que motivação de crime contra ativista homossexual foi homofobia

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República vai cobrar explicações da Secretaria de Justiça de Pernambuco sobre investigações feitas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa do estado a respeito da morte do jornalista Lucas Cardoso Fortuna, 28 anos, na Praia de Gaibu, em Recife. Para a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, as autoridades evitaram relacionar o assassinato a crime de homofobia. Concluíram ter ocorrido latrocínio, que é o roubo seguido de morte.

Maria do Rosário diz que não descarta que possa ter havido latrocínio, mas a brutalidade como foi cometido o ato indica a existência de componente de passionalidade e de ódio homofóbico. Homossexual assumido e militante do movimento LGBT, Lucas foi espancado, esfaqueado e afogado. Os policiais disseram que Lucas sofreu latrocínio (roubo seguido de morte), mas descartaram a hipótese de o crime ter tido motivações homofóbicas.

– Tivemos duas situações recentes, o caso do André, em São Paulo e o Lucas, em Pernambuco. Nos dois, as autoridades competentes pela investigação se pronunciaram no sentido de desconstituir a existência de ato homofóbico. Não descartamos que possa ter havido o latrocínio, mas a brutalidade do assassinato indica o componente de passionalidade e de ódio homofóbico. Se não assumirmos isso no Brasil, que temos uma grave situação de crimes contra homossexuais, não há como punir atitudes desta natureza – disse Maria do Rosário.

Indagada sobre o porquê as autoridades estariam agindo desta maneira, a ministra afirmou:

– As instituições no Brasil se orientam a partir de posicionamentos na sociedade. Existe uma cultura de manter os homossexuais na clandestinidade, de não reconhecer seus direitos. Mas o Brasil não aceita a invisibilidade dos crimes por homofobia.

Maria do Rosário disse ainda que irá se empenhar pessoalmente pela aprovação do projeto tornar crimes os atos de homofobia, da ex-deputada Ira Bernardi (PT-SC). O projeto foi aprovado na Câmara, mas encontrou forte resistência no Senado e foi engavetado. A senadora Marta Suplicy (PT-SP) pediu o desarquivamento da proposta, que voltou a tramitar em 2011, mas ainda não foi votado nem na Comissão de Direitos Humanos do Senado.

– Vou me empenhar pessoalmente para aprovar o projeto 122, dos crimes homofóbicos, seja aprovado. Vou fazer um acordo com os setores evangélicos que são contra a violência. Assim como enfrentamos os crimes raciais, os crimes contra a mulher, devemos ter uma lei que puna os crimes homofóbicos. Não se pode desconhecer como cidadãs brasileiras as pessoas que são homossexuais – disse a ministra.

 

Samuel Profeta

Criminalização da Homofobia Já! (10 fotos)

Esses cartazes são uma tentativa de erradicar o ódio e a homofobia que assolam o Brasil. Nós não vamos nos calar! Compartilhem e imprimam (link pra download aqui: http://wtrns.fr/shgaZKNL3-dPbnI)

 

{gallery}1dez12/gay{/gallery}

Fonte: Banners: Samuel Profeta

Fonte materia: Agência Globo

+ sobre o tema

Garoto vítima de homofobia se suicida em Vitória; pais culpam escola do filho

No último dia 17 de fevereiro um garoto se...

“Nosso objetivo é a extinção da Justiça Militar”, diz ex-sargento homossexual discriminado

Fernando Alcântara e Laci Araújo, sargentos assumidamente gays, denunciaram...

STF julgará se Marco Feliciano será processado por homofobia

Procuradoria da União também acusa deputado de racismo A Procuradoria...

Casais homoafetivos viram ‘pães’ no Dia dos Pais

De acordo com o IBGE, 16% das famílias brasileiras...

para lembrar

Estudantes criam museu virtual com história de mulheres notáveis

Volte no tempo e recorde os tempos de ensino...

Mamilo invertido, prótese, leite fraco; veja 15 mitos da amamentação

Diariamente as mulheres são desencorajadas a amamentar. Diante da...

Texto sobre o 8 de março

Obituário: Registro dos óbitos ou livro em que se...

Ao reprimir direitos das mulheres Congresso coloca Brasil na contramão

O deputado Eduardo Cunha (PMDB) apresentou, nesta quarta-feira (21),...
spot_imgspot_img

PM que agrediu mulher no Metrô disse que ela tinha de apanhar como homem, afirma advogada

A operadora de telemarketing Tauane de Mello Queiroz, 26, que foi agredida por um policial militar com um tapa no rosto na estação da Luz do Metrô de São...

Comitê irá monitorar políticas contra violências a pessoas LGBTQIA+

O Brasil tem, a partir desta sexta-feira (5), um Comitê de Monitoramento da Estratégia Nacional de Enfrentamento à Violência contra Pessoas LGBTQIA+, sigla para...

O atraso do atraso

A semana apenas começava, quando a boa-nova vinda do outro lado do Atlântico se espalhou. A França, em votação maiúscula no Parlamento (780 votos em...
-+=