Misto de documentário e ficção, ‘O corpo é nosso!’ discute o feminismo

Com vasta pesquisa visual, música, moda e saúde feminina, maxixe, samba, derrière, anticoncepcionais e vestimentas são temas abordados pela perspectiva da liberdade das mulheres

Por Ricardo Daehn, Do Divirta-se Mais

Cena do filme ‘O corpo é nosso!’

Distantes da capacidade de mera admiração masculina, as mulheres do longa O corpo é nosso! não escondem que sofrem. Muitas não detêm o respeito mínimo de parcela dos homens que teimam em contornar aspectos da modernidade que trazem repertório de bem-estar de agrupamentos que equilibrem direitos (e deveres) do sexo que, como canta (em dado momento do filme) Elza Soares, traz a “carne mais barata do mercado”.

Confira aqui as sessões

Abraçando o papel de um jornalista relutante em assumir um lugar de fala que, a princípio, não seria dele, Renato Góes dá o pontapé na trama que serve, na verdade, de moldura para o desfilar de questões levantadas no filme assinado por Theresa Jessouroun, sempre reconhecida pelos estandartes que aprofunda: o campo da música e a inexatidão da justiça, quando essa cerca protagonistas marginalizados.

A exposição de um corpo resgatado “na marra”, imerso num protagonismo ramificado em cotidiano da vida, na celebração da aparência e no comando de ações, como defende a ativista Tainá Kapaz, uma das consultoras do longa, está sublinhada nas interferências extremamente positivas de personalidades como a historiadora Mary del Priore e o crítico musical Rodrigo Faour.

Com didatismo muitas vezes arejado pelo compêndio de pesquisa visual, música, moda e saúde feminina estão em foco na fita. Tudo brota da análise de elementos bomba para a parcela mais favorecida da sociedade, com quê escandalizado diante de manifestações como funk e atitudes de legitimação de espaço, como no caso da famosa Marcha das Vadias. Pesa na análise de Jessouroun, o sentimento de luta conjunta (entre homens e mulheres) que preponderou nos anos de 1960 e 1970, para a libertação da mulher. Nesse ressaltar histórico, salientado pela pesquisadora Célia Resende, pesa a idealização de nova parceria entre os gêneros que ampute racismo e machismo.

Ver a mulher, particularmente a negra (como dito no filme), dona de referencial num espaço de beleza, e não meramente num lugar de desejo, está entre os objetivos de especialistas que prestam depoimentos no filme como a psicóloga Lumena Aleluia (que demarca os “convites violentos” de ódio à estética e à pele). Libertações e estudos que encampam temas como maxixe, samba, derrière, anticoncepcionais e vestimentas nunca são demais em busca de uma sociedade menos conflitiva.

YouTube video

+ sobre o tema

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...

para lembrar

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...
spot_imgspot_img

Feira do Livro Periférico 2025 acontece no Sesc Consolação com programação gratuita e diversa

A literatura das bordas e favelas toma o centro da cidade. De 03 a 07 de setembro de 2025, o Sesc Consolação recebe a Feira do Livro Periférico,...

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros ou que tenham protagonistas negros é a proposta da OJU-Roda Sesc de Cinemas Negros, que chega...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o Brasil teria abolido a escravidão oito anos antes da Lei Áurea, de 13 de maio de...