Igor Ricardo
Morreu nesta segunda-feira, aos 93 anos, Mercedes Baptista, que foi a primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Ela sofria com problemas de diabetes e cardíacos. O corpo de Mercedes está sendo velado na casa de repouso onde morava em Copacabana, na Zona Sul do Rio, e será cremado no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Norte, ainda sem horário definido. A dançarina clássica foi importante na luta pela reafirmação do negro como artista e também buscou valorizar a cultura brasileira.
Abalado, o professor Manoel Dionísio, da Escola de Mestre-sala, porta-bandeira e porta-estandarte, soube do fato através de um telefonema das enfermeiras que cuidavam de Mercedes. Manoel integrou a companhia de ballet folclórico de Mercedes e visitava a amiga quinzenalmente. Segundo ele, mesmo debilitada por causa da idade, a bailarina continuava admirando a dança.
– A gente sempre promovia algumas rodas de samba para ela. Mesmo na cadeira de rodas, ela sempre mexia os ombros. Ela foi e sempre será uma referência para mim. Infelizmente, a missão dela terminou por aqui.
Em 1945, ela entrou para o corpo de Baile do Municipal. Mercedes Baptista foi ainda uma figura importante para o carnaval carioca. Ela foi responsável pela clássica ala do minueto no desfile do Salgueiro sobre “Xica da Silva”, em 1963.
– Fomos muito criticados na época. Foi um escândalo. Fomos considerados pela crítica carnavalesca como a coreografia maldita do carnaval. Dois anos depois começaram a copiar a gente – afirmou Manoel Dionísio, que também participou da apresentação salgueirense.
Em 2008, Mercedes Baptista foi homenageada pela escola de samba da Série A, Cubango, no enredo “Mercedes Batista, de Passo a Passo, um Passo”. No ano seguinte, a Unidos de Vila Isabel com enredo referente ao centenário do Teatro Municipal também prestou homenagem à Mercedes.
Mercedes Baptista nasceu em 1921, no município de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Ainda jovem, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde trabalhou em uma gráfica, em fábrica de chapéu e empregada doméstica. Mercedes não tinha filhos.
Fonte: Extra