A 19 de janeiro à noite, um comício antinazista revê lugar em Moscou. O ato, organizado pelo Comité de 19 de janeiro e a Frente Esquerda , foi dedicado à memória do advogado Stanislav Markelov e da jornalista da Novaia Gazeta, Anastasia Baburina, assassinados a tiros há três anos.
“O antinazismo não é um crime”, “A democracia e o nazismo são incompatíveis” – são as palavras de ordem que foram pronunciadas ontem no centro da capital russa. Neste ano, a manifestação reuniu um número recorde de participantes. Não apenas moscovitas chegaram para dizer NÃO ao nazismo: ao comício juntaram-se habitantes de mais de 20 cidades, inclusive de Kiev e Bichkek, de Paris e Berlim. Os organizadores sustentam que é necessário fazer lembrar às pessoas a necessidade da luta contra o neonazismo e a xenofobia, falar em voz alta sobre as vítimas do terror ideológico e político. “Não devemos esquecer disso nem por um momento”, declarou o líder da Frente Esquerda,Serguei Udaltsov:
– Não pode ser excluída a ameaça de reincidência de tais acontecimentos. Ninguém de nós é garantido disso, enquanto na sociedade se mantiver a intolerância, a xenofobia e enquanto as autoridades, às vezes, fecharem os olhos a isso. A geração jovem não é indiferente e não olha do lado para a arbitrariedade no país. E isso é bom, porque a sociedade de pessoas indiferentes, interessadas no desenvolvimento progressivo do país é uma garantia de que a Rússia não se degrade e não se atole no caos.
Os organizadores solicitaram não politizar a manifestação, qualificando-a como um ato pacífico de protesto civil. Contudo, à luz dos últimos acontecimentos, ligados às eleições para a Duma de Estado, não é possível deixar a marcha maciça fora da política. A divisão dos cidadãos russos por nacionalidades torna-se cada vez mais frequente uma moeda de troca para políticos. Assim, o conhecido bloggere oposicionista, Aleksei Navalny, apresentou-se reiteradas vezes como nacionalista russo e o seu caso não é único, existindo várias organizações de ultra-direita. O seu apoio na sociedade não é grande; mas não se pode relaxar, diz o defensor dos direitos humanos, Lev Ponomarev:
– A Rússia encontra-se numa etapa transitória, afastando-se dos restos do totalitarismo e aproximando-se de um Estado democrático. O nazismo, o nacionalismo russo é aquilo que pretende governar o país. Por isso, é necessário estarmos atentos.
O Tribunal reconheceu um dos fundadores da revista Imagem russa, Nikita Tikhonov, e a ativista da organização Veredito Russo, Evguenia Khasis, culpados do assassinato do advogado Markelov e da jornalista Baburova. Tikhonov foi condenado à prisão perpétua e Khasis – a 18 anos de privação de liberdade. A sentença provocou debates encarniçados na sociedade russa. Algumas pessoas continuam a ter certeza de que o veredito foi lavrado em relação aos inocentes e que os verdadeiros culpados escaparam à responsabilidade.
Fonte: Vozes da Russia