Mulatas Puro Sangue e a cultura do negro, por Jamyle Vanessa Brasil

E no Brasil, não foi diferente a exclusão das culturas afro-brasileiras, sempre envolveram certas tradições que expandiram a cultura de massa, influenciadas por contribuições que só podem ser atribuídas a cultura negra.

 

Na trajetória da cultura do negro, podemos acompanhar momentos históricos na sociedade brasileira, como:
O deslocamento da cultura européia, muitas vezes imposta forjou padrões de cultura, que excluíram simultaneamente o restante do mundo, digamos em especial o continente africano.E no Brasil, não foi diferente a exclusão das culturas afro-brasileiras, sempre envolveram certas tradições que expandiram a cultura de massa, influenciadas por contribuições que só podem ser atribuídas a cultura negra.

No tocante a influência européia, o fascínio pelo sabor erótico e pelas diferenças étnicas , culturais e sexuais, uma total oposição do antigo olhar da alta cultura européia, mas lembra e muito o momento que houve no modernismo com o primitivo no inicio do século 19, o deslumbramento pelo corpo da mulher e do homem das demais etnias em especial pelo negro.Mas haverá uma autorização deste olhar? Até onde vai a identidade cultura e autonomia da cultura de um povo?

A cultura negra, representa a base de sentidos, experiências, prazeres e memórias de um continente, porém dentro da ordem social dominante foram excluídos, dando origem a conexão forjada da miscigenação, apropriação, cooptação e rearticulação junto a cultura européia, dissimulando a cultura negra somente com o sensual, quente e erótica.

E no espaço social alheio o negro, influenciou inovações lingüísticas e corporal, posturas e gingados constituindo culturas existentes e pré – existentes, confluindo para uma contribuição riquíssima na cultura brasileira.

Esta miscigenação e a conformação cultural de magníficos e belos corpos que bailam ao som de tambores aponta para a reflexão do alinhamento das questões: raça, classe, gênero e sexualidade que aglutinam-se causando mal-estar na miscigenação, não escondendo o racismo preponderante ainda na sociedade brasileira.

Há quanto tempo mulheres e homens estão representando as fantasias sexuais, que até hoje foram conservadas pelos herdeiros dos senhores da casa-grande ?E a cultura do negro brasileiro?E o imaginário masculino?É necessário a mulher negra só sambar nua?Até quando ligaremos a TV, e o apresentador anunciará as dançarinas de samba como de puro sangue, semelhante à apresentação de cavalos e mulas em um páreo e as cervejarias que divulgam que é pelo corpo que se conhece a negra?

É evidente que homens e mulheres negros no período de carnaval vivem sua contra-identidade, dando espaço a mesma cultura popular que ajudaram a formar, mas que os consomem e massificam e determinam o sujeito negro erotizado, que será neste período.

A cultura não pode acabar, mas devemos realmente exigir ações afirmativas na mídia, não só para campanhas contra o racismo, mas por todas as situações que nos remetam a ocasiões onde ser negro é ser exótico e despertar fantasias sexuais, em gringos e brasileiros, a partir deste momento devemos dizer a esta cultura cauterizada no imaginário nacional o que deve mudar e como queremos que tratem a população negra.

Jamyle Vanessa Brasil
Coordenadora da Unegro-RO
Fórum Nacional de Mulheres Negras

Fonte: O Observador

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