Mulher é a primeira negra a concluir doutorado em educação na UFSM

Maria Rita Py Dutra defendeu tese sobre inserção de cotistas no mercado de trabalho

Por Gilson Alves, do Diário de Santa Maria

Foto: Gilson Alves (Diário)

Uma conquista com valor especial. Uma demonstração de dedicação e persistência diante de uma sociedade que oferece poucas oportunidades para uma mulher, negra, mãe, avó. Também uma prova de que nunca é tarde quando se quer estudar e agregar conhecimentos. Hoje, a professora e colunista do site do Diário Maria Rita Py Dutra, 70 anos, tornou-se a primeira mulher negra doutora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

A professora aposentada apresentou a tese com o tema “Inserção no Mundo do Trabalho de Cotista Negros Egressos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)”. O trabalho teve a orientação de Jorge Luiz da Cunha, e a banca contou com os professores Mozart Linhas da Silva, da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Maria Catarina Chitolina Zanini e Elisete Medianeira Tomazetti, ambas da UFSM.

– É o coroamento do esforço. É uma satisfação, é algo que te legitima. Como pesquisadora, fui instigada a fazer o doutorado, e o convívio com os jovens me deu um gás inestimável. Eu estou aqui para mostrar para essa meninada que, se eu estou aqui, eles também podem – disse a agora doutora Maria Rita Py Dutra.

A PESQUISA

O tema da pesquisa de Maria Rita é bastante recorrente nos dias de hoje e aborda discussões que seguidamente estão sendo debatidas na sociedade.

– A política de cotas é uma política pública que precisa ser avaliada, e a minha proposta foi ver a entrada de cotistas, de 2008 até 2014, e suas saídas da UFSM. Busquei saber o que cada um está fazendo, quem está estudando, quem está trabalhando. Minha ideia foi pesquisar até que ponto as cotas influenciaram no ingresso em seus trabalhos – explicou.

Segundo a professora, a política de cotas na UFSM deve ser aperfeiçoada, e todos os tipos de racismo, desigualdades e contradições precisam ser combatidos.

E os projetos não param por aí. Maria Rita integra o Núcleo de Estudos Contemporâneos (Necon) e o Núcleo de Memória e Educação do Povo de Clio, do Centro de Educação da UFSM.

Foto: Renan Mattos (Diário)
Na tarde de hoje Petronilha Gonçalves falou sobre cotas e educação antirracista. Victor Lopes, da UFSM, foi o mediador

PALESTRA NA UFSM DEBATE EDUCAÇÃO E COTAS

Integrante da banca avaliadora da tese de Maria Rita Py Dutra, a doutora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, que é professora de Relações Étnico-Raciais, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), palestrou na tarde de ontem, no 2º andar do prédio da Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), sobre o tema “Educação Antirracista: Como chegaremos lá?”. O encontro foi mediado pela servidor da UFSM, Victor de Carli Lopes, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB).

– A primeira coisa que devemos fazer é conhecermos uns aos outros. Temos uma educação, em geral, concentrada em princípios europeus, nada contra, mas eles não são os únicos presentes neste país. Precisamos estabelecer um diálogo entre as diferentes referências e, dessa forma combater os preconceitos. O importante é o respeito – afirmou Petronilha.

A pesquisadora foi indicada pelo movimento negro para a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação. Ela integrou, como relatora, a comissão que elaborou o parecer do documento que regulamenta a lei que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais.

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