Mulheres Juristas pedem suspensão da campanha “É de Homem!”

A Associação Portuguesa de Mulheres Juristas classifica a campanha publicitária da L’Oreal de sexista, e, por isso, proibida por lei.

Por

A Associação Portuguesa de Mulheres Juristas (ASMJ) apresentou esta quarta-feira uma participação à Direcção Geral do Consumidor relativa à campanha publicitária “É de Homem!” da L’Oreal, que usa o slogan “É de homem!” para acompanhar frases como “Bolas grandes”, “Jogar com Sangue e Lágrimas” ou “Vencer o Cansaço”. A Associação sem fins lucrativos pediu também a suspensão desta campanha publicitária, que considera “sexista”, e, por isso, proibida por lei.

A Associação Portuguesa de Mulheres Juristas escreve, num comunicado partilhado no seu site, que a campanha publicitária “procura veicular uma concepção claramente sexista do que seja ‘ser homem’”, uma vez que utiliza esta expressão “como ilustração de uma identidade masculina que afirma que os ‘homens’ devem ser estóicos, fortes, valentes, determinados de desprovidos de emoção.” Desta forma, a campanha afirma que “a abnegação, fortaleza, valentia e a determinação são características identitárias da masculinidade e não de toda a espécie humana, designadamente das mulheres.”

Há ainda contraposições que são feitas na campanha que fortalecem estereótipos relativos à masculinidade – como acontece, por exemplo, no cartaz que diz “banhinho é para os meninos” e “duche é para homens”. A ASMJ considera que estas comparações “promovem expectativas rígidas da construção da identidade masculina, que preenchem a esfera de compreensão do conceito de masculinidade tóxica.”

Por “atentar contra a dignidade de todos os seres humanos” e “contribuir para o reforço da hierarquização e da discriminação social”, a ASMJ defende que a campanha da L’Oreal é constitucionalmente interdita e sancionada pelo Código da Publicidade, uma vez que este é obrigado (no artigo nº7) a respeitar os valores e princípios constitucionais – e a promoção da igualdade entre homens e mulheres está presente, por exemplo, no artigo 13º da Constituição da República.

 

+ sobre o tema

Pesquisadora baiana Carla Akotirene lança primeiro livro autoral e faz pré-venda na internet

Compradores/as vão receber livro em seus endereços antes do...

Tornar-se negra, intelectual e ativista: percursos de Lélia Gonzalez – Por: Flavia Rios e Alex Ratts

No último dia 1º de Fevereiro comemoramos 78º aniversário...

Mulheres também codam

“Vamos fazer um evento de tecnologia para mulheres, mas...

Toni Morrison

- Nascida em: 18 de fevereiro de 1931 (78 anos),...

para lembrar

Mulher negra avança no social, mas segue distante no trabalho e na política

Mulher, negra, estudou, foi à faculdade, tem um bom...

A burguesia sem charme, sem finesse, machista e despudorada

“Eu não vou me deixar atemorizar por xingamentos que...

O Brasil abandona suas mulheres, diz maior especialista em aborto legal

Há 23 anos, o ginecologista e obstetra Jefferson Drezett...
spot_imgspot_img

Sueli Carneiro analisa as raízes do racismo estrutural em aula aberta na FEA-USP

Na tarde da última quarta-feira (18), a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP) foi palco de uma...

O combate ao racismo e o papel das mulheres negras

No dia 21 de março de 1960, cerca de 20 mil pessoas negras se encontraram no bairro de Sharpeville, em Joanesburgo, África do Sul,...

Ativistas do mundo participam do Lançamento do Comitê Global da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

As mulheres negras do Brasil estão se organizando e fortalecendo alianças internacionais para a realização da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem...
-+=