Mulheres Negras compartilhando o Poder

As mulheres negras são as maiores vítimas da violência doméstica. Segundo os dados apresentados no Mapa da Violência, organizado por Jacobo Waiselfisz, em 2010, morreram 48% mais mulheres negras do que brancas vítimas de homicídio.

Em Alagoas, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo e Distrito Federal, mais da metade das mortes de jovens foi provocada por homicídio. Sendo que no Espírito Santo esse índice chegou a 57% de jovens mortos por homicídio no estado.

No total nacional, morreram em 2005 proporcionalmente 80,7% mais negros que brancos. Em 2011, esse índice salta para 111,2%. Assim, a brecha já histórica da vitimização juvenil do país, longe de encurtar, continua aumentando, de acordo com esse Mapa elaborado por Jacobo Waiselfisz.  Além do que, é sistêmica uma série de violações motivadas por questões sexuais, culturais e machistas que colocam a mulher negra em condições de inferioridade na sociedade brasileira. Isso, mesmo com o atual avanço das lutas feministas no mundo  (como a Marcha das Vadias, Marcha Mundial das Mulheres, entre outras) e com uma gama de políticas públicas segmentadas que tentam diminuir o fosso social que mantém inalterado o nosso apartheid.

Como exemplo, menos de 9% das negras estão representadas no Congresso Nacional conforme estudo da Unegro (União de negros pela Igualdade) sobre a representação  parlamentar negra no Brasil com um apontamento nas Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais e Distritais no país.

É para lutar contra esse apartheid  e contra o quadro de exclusão social e sexual que a Unegro, fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, na Bahia -, realiza entre os dias 25 a 27 de julho, no Hotel Canto do Sol situado na Av. Dante Micheline, 3957, Jardim Camburi, em Vitória, seu 1º Encontro Nacional das Mulheres.

Com o tema ”Mulheres Negras Compartilhando o Poder”, o evento pretende reunir mais de 200 lideranças negras de todo o país sob o impacto das eleições de 2014, a inserção do Brasil nos grandes eventos esportivos e mais de uma década dos programas sociais voltados para públicos específicos; as chamadas cotas para negros e negras em setores como educação com a reserva de vagas nas universidades federais, a obrigatoriedade de cotas de 30% de mulheres nas coligações partidárias e ao acolhimento de questões de gênero no enfrentamento à violência policial e sexista com a oferta de delegacias para mulheres, o fim da revista íntima nos presídios e uma nova imagem da mulher negra nos meios de comunicação brasileiros.

Além disso, o Encontro de Mulheres da Unegro vai lançar no Espírito Santo a Marcha Nacional das Mulheres Negras, prevista para acontecer em 2015, em Brasília.

Alexandre Braga é diretor Nacional de Comunicação da Unegro

Fonte: CTB

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