Não somos racistas? Eu tenho vergonha alheia da classe média racista e da polícia que compactua com ela

Fonte: Maria Frô –

 

Morro de vergonha alheia quando vejo este show de horror, preconceito e discriminação e mais quando tudo, apesar de registrado, é entendido pela polícia como algo que não é demonstração de racismo.

 

O que mais esta médica sem noção e descontrolada deveria fazer para o delegado entender que suas ações foram desrespeitosas, injuriosas, preconceituosas e discriminatórias?

 

O que mais os leitores deste blog, que afirmam que não existe racismo no Brasil, que acusam os negros (ao lutarem contra este tipo de situação vivida cotidianamente como a que viveu este funcionário do check-in da Gol do aeroporto de Aracaju) de ‘racializar o Brasil’, de quererem ‘acabar com a belíssima democracia racial que temos’, de desejarem criar ‘ódio racial no Brasil’, precisam ver para se convencerem que vivemos em um país onde o racismo impera, humilha, exclui e mata?

 

A classe média conservadora representada por esta médica preconceituosa e descontrolada é prova cabal de que ainda temos muito o que avançar em termos de Justiça para criminalizar os racistas e estender as ações que permitem tornar a sociedade brasileira menos racializada.

 

O que mais é preciso ser visto e dito para que os opositores às cotas e às ações afirmativas entendam que a condição socioracial desta médica descontrolada e preconceituosa faz com que ela pense que tem mais direitos que os demais mortais no planeta? Ela chega 15 minutos antes da partida de um vôo internacional e acha que os funcionários da companhia e do aeroporto estão à disposição dela! A condição privilegiada de branquitude torna pessoas como esta médica crianças mimadas que ao ser contrariadas acham que têm o direito de agir como ela agiu.

 

Na mente racista e deturpada desta médica descontrolada sua profissão e sua branquitude lhe dão poder de embarcar mesmo que seu atraso tenha inviabilizado seu embarque e em sua mente deturpada pelo racismo o raciocínio que impera é o de: “como um ‘nego’ qualquer, balconista de um check-in ousa impedi-la? Quem é esse ‘morto de fome’ diante dela?” A quem, inclusive, ela considera que tem o direito de ameaçar: “sou médica e se você seu ‘cachorro’, seu ‘negô’, seu ‘morto de fome’ precisar de mim, vai morrer, não vou socorrê-lo”.

 

E com todo este show de barbárie verbal e gestual registrado, a polícia sequer faz o boletim de ocorrência! E não fez porque as partes em questão estão em posição de desigualdade: era uma médica branca de classe média, passageira de um vôo internacional, contra um balconista negro do check-in de uma companhia aérea, simples assim.

 

A desigualdade social no Brasil não se separa da desigualdade racial, só não as enxerga quem não tem olhos de ver.

 

 

Matéria original

+ sobre o tema

Menos de 1% dos municípios do Brasil tem só mulheres na disputa pela prefeitura

Em 39 cidades brasileiras, os eleitores já sabem que...

Prostituição e direito à saúde

Alexandre Padilha errou. Realizar campanhas de saúde pública é...

Estudo mostra que pais podem ajudar a criar pequenos narcisistas

Se você acha que seu filho é ‘mais especial’...

para lembrar

O escancarar da violência de gênero tem relação com o quadro de desmanche social

Ontem, assisti a um filme que aqui no Brasil...

Sérgio Martins – Zumbi dos Palmares e outros negros.

Por: Sergio Martins     Zumbi dos Palmares, hoje herói nacional, representa um...

Aquilo que não te mata torna você mais forte

Fonte: The New York Times - Mary J. Blige...

O beija mão de Karnal em Moro abre novos negócios. Por Kiko Nogueira

A esquerda que tinha Leandro Karnal em alta conta...

Fim da saída temporária apenas favorece facções

Relatado por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o Senado Federal aprovou projeto de lei que põe fim à saída temporária de presos em datas comemorativas. O líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA),...

Morre o político Luiz Alberto, sem ver o PT priorizar o combate ao racismo

Morreu na manhã desta quarta (13) o ex-deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), 70. Ele teve um infarto. Passou mal na madrugada e chegou a ser...

Equidade só na rampa

Quando o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, perguntou "quem indica o procurador-geral da República? (...) O povo, através do seu...
-+=