A Império da Tijuca já definiu o enredo para 2013. E, a partir de agora, o carnavalesco Júnior Pernambucano e sua equipe irão trabalhar intensamente no tema. Ele disse ao SRZD-Carnaval que ele irá abordar o tema de forma diferente de tudo o que já foi visto até agora na Marquês de Sapucaí.
“Vamos falar da essência da mulher negra guerreira, tanto o que passou no Brasil, quando na África. E vai ser dito em várias áreas, na música, na dança. O início do desfile vai contar a história dos rituais da feiticeiras, dos grandes nomes que fizeram história na África, como a Rainha de Sabá, e trazendo para o Brasil os grandes nomes daqui como Xica da Silva, Dandara”, disse.
Confira a sinopse do enredo:
NEGRA, PÉROLA MULHER
Como primeira proposta, sabendo que no ano de 2013 irão completar-se 125 anos da abolição da escravatura, e diversas foram às homenagens rendidas ao povo negro, pensamos que pequeno foi o reconhecido das histórias de luta e bravura da mulher negra, tanto na África como no Brasil. Com isso, “Negra, Pérola Mulher” busca ser uma pequena ode a toda valentia e graça da história da mulher negra.
1ª Parte – “Gueledés – As grandes feiticeiras”
Dentro da proposta, viajaremos de volta à África ancestral para compor o ponto de partida de todo o enredo. O cenário a ser retratado é o do culto “Gueledé”, uma sociedade de grandes feiticeiras que personifica a mulher como ventre do mundo e essencial para perpetuação da vida animal e vegetal.
2ª Parte – “Negras Guerreiras em Solo Africano”
Propõem retratar algumas figuras de mulheres africanas que se destacaram por sua bravura ao defender seus reinos. Nzinga, Yaa Asantewa, Nandi e Nehanda serão algumas das homenageadas.
3ª Parte – “Bravura e Ousadia, Negras do Brasil”
Retratará a chegada ao Brasil e a importância de cada função exercida pelas mulheres negras, até então escravas, Dentre tantas vamos falar de Anastácia,Dandara, Chica da Silva, Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz que sem dúvida fizeram muito para a composição do cenário da até então jovem sociedade brasileira.
4ª Parte – “Negra Musa, Mulher Inspiradora”
A beleza da mulher negra sempre aguçou o desejo dos homens. A pele escura, o desenho do corpo mais farto, os lábios carnudos. Peculiaridades que logo se tornaram o encanto de diversos artistas. Quando ainda era colônia o Brasil recebeu várias missões artisticas que trouxeram inúmeros escritores, fotógrafos, poetas e pintores. Como: Debret , Johann Moritz Rugendas, Luis Gama, José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert M. Levine e Pierre Verger. E entre tantos que retrataram o cotidiano daquela imensa massa de escravos que circulava pelas ruas, suas obras eram o retrato fiel das humilhações e das péssimas condições de vida dos negros, mas também se tornaram fonte para mostrar um pouco dos seus costumes e da forma que se portavam e vestiam.
5ª Parte – “Pérolas Negras do Brasil”
Na quinta e última parte, o enredo irá propor uma homenagem a todas as conquistas mais recentes das mulheres negras e aquelas que se destacaram na atual sociedade brasileira. Em âmbito mundial a mulher negra conquistou várias vitórias. Foi uma luta trilhada por um caminho difícil, que trouxe junto marcas da escravidão e do preconceito, mas que não impediram o sucesso de muitas delas e sendo assim, para nós, todas essas guerreiras são pérolas negras de raro valor e cheias de graça. Vitoriosas esportivas: Aída dos Santos, e Elaine Pereira de Souza, Marta Viera da Silva e Daiane dos Santos.
Na literatrura nos legaram obras de infinito valor material e cultural como: Auta de Souza, Maria Firmina dos Reis, Alzira Rufino. Brilham na dramaturgia nacional: como Ruth de Souza, Neusa Borges, Zezé Motta e Chica Xavier foram pioneiras ao representarem negras em várias produções artísticas. Na dança as negras também se destacaram como exímias dançarinas.lembramos-nos de nomes como Paula do Salgueiro, Pinah e a Mercedes Baptista. Consagradas também pelo dom sublime de cantar, Exaltamos todo o encanto de Alcione, Leci Brandão, Margareth Menezes, Mart’nália, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus Jovelina Pérola Negra e tantas outras que emprestam seu talento para as músicas de tantos compositores.
E com esse mesmo coração que pulsa radiante de felicidade por exaltar a mulher negra, rogamos a Nossa Senhora Aparecida, a mãe negra de todos os brasileiros que Abençoe todas essas maravilhosas mulheres negras. Guerreiras, ousadas, belas, são elas o motivo do nosso cantar nesse carnaval.
Júnior Pernambucano
Fonte: Sidney Rezende