A negritude como forma poética e militância

Pioneira. Espetáculo celebra bailarina Mercedes Baptista

Mostra Benjamin de Oliveira traz peça sobre primeira negra a integrar corpo de baile doTheatro Municipal do Rio

Foi assistindo a “Ensaio sobre Carolina”, da Cia Os Crespos, de São Paulo, peça sobre a escritora Carolina Maria de Jesus, que a atriz Sol Miranda resolveu criar um espetáculo em que a representatividade se fizesse presente. “A estética negra é uma pesquisa, mas também nossa bandeira”, afirma Miranda.

Junto ao Grupo Emú, do Rio de Janeiro, Sol idealizou “Mercedes”, sobre a primeira mulher negra a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio. O espetáculo, que celebra a vida e a obra da bailarina e coreógrafa Mercedes Baptista (1921-2014), será apresentado amanhã, às 20h, no Tambor Mineiro. “Não contamos a vida dela cronologicamente. Partimos dela para tratar de questões relacionadas ao preconceito e à a falta de protagonismo negro”, conta.

A peça coloca duas Mercedes em cena: uma póstuma, que representa o olhar contemporâneo, e outra que vive suas memórias. Entra em cena também Abdias do Nascimento, dramaturgo do Teatro Experimental do Negro, e seu discurso sobre a participação de afrodescendentes nas artes. Com Mercedes, ele irá compartilhar a experiência de ter acessos negados pelo racismo.

“Abdias foi impedido de atuar em ‘Anjo Negro’ porque era negro. Relembramos isso e colocamos em discussão a ausência de bailarinas afrodescendentes no Theatro Municipal. Entrelaçamos os tempos para falar de questões que permanecem”, explica a atriz.

Fazendo uso da estética negra como poética cênica, o espetáculo mergulha na história de um dos maiores nomes da dança afro-brasileira e aposta na corporeidade a partir das danças de matriz negra e folclóricas do país. “A dança de Mercedes é pautada pelos terreiros de candomblé. Utilizamos os movimentos criados por ela e os transformamos em gestos de interpretação para o teatro”, comenta Sol.

Serviço. Espetáculo “Mercedes”, amanhã, às 20h, no Tambor Mineiro (rua Ituiutaba, 339, Prado). Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)

 

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