‘Negro é catinguento, fede demais’ diz Promotor de Justiça de São Paulo

O promotor de Justiça Avelino Grota, do Ministério Público do Estado de São Paulo, usou um grupo no Facebook chamado “MP/SP Livre” para escrever um texto preconceituoso e racista, publicado entre os dias 25 e 26 de agosto.

As informações são de Fausto Macedo, do “Estadão” no Catraca Livre

No texto, ele diz que não tinha nada para fazer em casa e passou “a meditar sobre a questão das babás e das roupas brancas que os clubes dos paulistanos ricos exigem dessas profissionais”. Em seguida, ele afirma que chegou a conclusão de que “pobre, em regra, é feio; babá, em regra, é pobre; logo, babá, em regra, é feia”.

Em seguida, ele fala que o rico, se não nasce bonito, fica assim com o tempo “porque o dinheiro ajuda ao menos a corrigir alguns defeitos de nascença” e que o “pobre, coitado, nasce feio e morrerá feio”, já que não tem dinheiro nem para comer, “que dirá para suplantar as várias imperfeições que, unidas, formam e conformam a feiura”.

O texto de Avelino Grota vai de discriminatório à racista quando fala, ainda, que pobre costuma ser negro, “e negro, como todos sabem, tem o péssimo costume de não dar muita atenção à higiene”. Para ele, a cor branca reflete o calor do sol ao invés de absorver e que é “por isso que negro, em geral, é catinguento, porque sua muito e, não tomando a quantidade diária certa de banhos, acaba fedendo mais do que o recomendável”.

Ele justifica a medida de babás usarem roupas brancas pela cor porque “o branco é a cor da pureza, e, ao usar roupa branca, a babá, que é feia, se transforma, ficando um pouquinho menos feia – porque pureza não combina com feiura e, assim, passamos a dar mais atenção ao puro branco da roupa do que à feiura de quem a veste”.

Segundo Grota, roupa branca suja com mais facilidade, então o patrão da babá verá com mais facilidade se a empregada está ou não limpa “e, se não estiver, ordenará imediata troca de roupa, precedida, é claro, de um banho, o que tornará a babá menos fedentina“.

Nesta terça-feira, 3, o promotor disse ao “Estadão” que usou o grupo fechado para ironizar o arquivamento da investigação sobre a exigência do uso de uniforme branco para as babás de um clube da elite paulistana. “Foi ironia pura, sarcasmo”.

“A postagem tem origem no caso das babás. Houve instauração de um inquérito civil na Promotoria dos Direitos Humanos em 2016. Os clubes paulistanos entraram com recurso junto ao Conselho Superior do Ministério Público contra a instauração do inquérito civil. O Conselho, à época, por margem estreita, creio, deu razão ao clube, trancando o inquérito”.

“Eu procuro fazer uma crítica aos que, de alguma maneira, defendem a obrigatoriedade do uniforme branco, como expressão de preconceito racial ou racismo”, disse.

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