Negro torna-se amigo de membros do Ku Klux Klan

 

 

 

Luis M. Faria,

 

Um músico negro tornou-se amigo de membros do Ku Klux Klan e conseguiu que vários deles saíssem da organização. O caso, que desafia a credulidade mas parece bem documentado, mostra o poder da empatia e a vantagem de conhecer directamente pessoas sobre as quais apenas temos ideias feitas.

A história conta-se em poucas palavras. Em 1983, Daryl Davis, um pianista negro, actuou numa sala onde só costumavam entrar músicos brancos. No final, um homem veio ter com ele e pôs-lhe um braço à volta, dizendo que tocava tão bem como Jerry Lee Lewis (o famoso músico branco). Davis respondeu que era amigo de Lewis, o qual lhe contara ter aprendido o seu estilo particular com músicos negros.

O homem inicialmente teve dificuldade em acreditar, mas Davis deu pormenores. Conversa puxa conversa, o seu interlocutor acabou por admitir que pertencia ao Ku Klux Klan, a organização racista americana. Aí foi a vez de Davis ficar surpreendido, se não chocado.

Não são necessariamente maus

 

Ainda mais surpreendente é o facto de a confidência não ter feito a relação acabar logo ali. O diálogo continou, e os dois tornar-se-iam amigos. Davis acabaria por escrever um livro sobre o Klan, com a colaboração activa do outro, que lhe apresentou várias pessoas altamente colocadas na organização.

Davis diz que eles não são necessariamente maus; limitam-se a repetir e a praticar aquilo que sempre ouviram em casa. Se lhes mostrarem diferente, a visão muda. Foi o que ele fez.

Terá ajudado o facto de ele filho de diplomatas e haver passado a sua infância e juventude em escolas internacionais, em contacto com gente das mais variadas origens. A profissão dos pais também lhe deve ter ensinado que muitas vezes há mais vantagem em falar com os (presumidos) inimigos do que em lutar com eles.

O facto é que, à conta da sua atitude e das relações por ela proporcionadas, umas dezenas de membros do Klan viriam a entregar-lhe os seus robes – isto é, a abandonar formalmente a organização.

 

 

Fonte: Expresso XL

 

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