Negros buscam mais poder no Rio via eleições 2012

NÚCLEO AFRO DO PMDB QUER QUE 30% DA CHAPA DE 400 CANDIDATOS A VEREADOR DA AGREMIAÇÃO NO ESTADO SEJAM DE NEGROS; COLETIVO DE COMBATE AO RACISMO, DO PT, APROVA COTA RACIAL DE 20% NAS DIREÇÕES DO PARTIDO; UNEGRO, DO PCDOB, DEFENDE SECRETARIA DE COMBATE AO RACISMO DENTRO DO COMITÊ CENTRAL

 por Marco Damiani 

Cada um ao seu modo, os negros que militam em partidos políticos estão de olho nas eleições municipais de outubro para conquistar mais poder – dentro e fora de suas agremiações. Eles se recusam a aceitar a conta que aponta mais de 60% da população fluminense como negra ou parda, contra não mais que 2% de negros declarados como vereadores na cidade do Rio – um desequilíbrio que se repete na maioria dos municípios do Estado.

No PMDB do Rio, um plano ousado está em curso. Com a professora Mara Ribeiro à frente, o Núcleo Afro do partido, fundado em 2006, está às portas da realização de cinco seminários em todo o Estado nos quais pretende somar força para conquistar até 30% das vagas de candidatos a vereador pela legenda para militantes que se declarem negros. Estima-se que o PMDB lance 400 candidatos a vereador em todo o Estado. “União e força é igual a empoderamento, essa é a nossa palavra de ordem”, diz Mara. “Enquanto o povo negro não assumir efetivamente o poder, nossa raça sempre estará subrepresentada”.

A estratégia de lançar um grande número de candidatos a vereador nos mais diferentes municípios também vai sendo coordenada pelo presidente do Núcleo Afro estadual da legenda, Jorge Coutinho, e por integrantes do partido como o vereador Timica, de Resende, Valmir Almeida, coordenador de Igualdade Racial de Barra Mansa, Fernando Fernandes, do diretório municipal do Rio, e Daniel Guimarães, secretário-geral estadual. “O presidente Jorge Piciani tem dado todas as condições para o crescimento do Núcleo Afro dentro do partido”, garante Mara. Entre as propostas que serão defendidas pelos candidatos negros do PMDB está a da efetiva aplicação da lei 10.639, que determina mudanças nos currículos escolares, especialmente com a inclusão de matérias sobre a história e a cultura afro-brasileira. “Essa é uma lei que precisa sair do papel e ganhar o dia a dia das escolas”, sustenta a ativista.

No PT, uma conquista histórica para os negros que militam no partido foi alcançada no 4º Congresso do partido, realizado no ano passado. Ali, após vitória em votação em plenário extraordinário, organismos aglutinados no Coletivo de Combate ao Racismo conseguiram aprovar resolução pela qual 20% dos cargos de todas as instâncias de direção partidária terão de ser preenchidas por negros. A implementação se dará paulatinamente. “O estabelecimento dessa cota também serve de parâmetro para a reforma política que vem sendo debatida pela sociedade brasileira”, afirma a secretária nacional de Combate ao Racismo do PT, Cida Abreu. “Com essa decisão, mais uma vez o nosso partido se coloca à frente de resoluções que contribuem para a democracia interna”.

Os comunistas do PCdoB realizaram, no ano passado, um encontro nacional partidário de combate ao racismo. A seção do partido no Rio esteve representada por Raimunda Leone, da Coordenação Nacional de Combate ao Racismo e membro do Comitê Central, das dirigentes nacionais da Unegro Monica Custódio, Cláudia Vitalino, Conceição d’Lissá e Antônio Carlos dos Santos. “Só iremos superar o racismo a partir de uma perspectiva marxista”, acredita o dirigente Santos, da Unegro-RJ. “E essa luta contra o racismo é estratégica para o PCdoB”. Como resolução, o encontro decidiu encaminhar ao Comitê Central do partido a indicação da criação de uma Secretaria Nacional de Combate ao Racismo dentro do organismo dirigente.

 

 

Fonte: Brasil 247

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