Negros também consomem produtos de beleza

Estive na maior feira de beleza do Brasil nesse último final de semana e foi uma loucura. Muitas pessoas, muitos lojistas, muitos representantes e, principalmente, muitos consumidores. Em um dos momentos de calmaria, parei para pensar e perceber que ainda falta um longo caminho a ser percorrido para que enxerguem a nós, negros, como reais consumidores e que (por favor!) precisamos também de artigos de beleza.

Por  Duda Buchmann, do Donna

Pensa comigo: quando vamos a um local como esse, queremos encontrar muitas novidades que nos atendam, lógico. Confesso que me decepcionei. Estava ansiosa esperando novidades que me acolhessem e que eu tivesse vontade de levar comigo, testar e compartilhar conhecimento com quem acompanha meu trabalho.

Não vou generalizar, pois há um lindo trabalho por parte de algumas empresas de cosméticos para envolver o público negro, falando de cabelo afro, de maquiagem para pele negra e tudo mais, mas são exceções. Há também aquelas que fazem algo do gênero, mas parecendo que está “indo com o fluxo”, sabe? Que precisam estudar e avaliar o público existente para colocar produtos no mercado. Mas há piores, as que insistem em não nos enxergar.

Os negros consomem. E cada vez mais. O que quero dizer é que marcas ainda não notaram o potencial do comprador negro. Não perceberam que estamos “na onda” da valorização da beleza, que queremos nos sentir bonitas com uma aparência legal, pele boa e cabelos brilhosos. Não é luxo ou futilidade: é higiene, autoestima e querer bem ao nosso corpo!

Eu, como mulher negra, quero me enxergar na propaganda, na revista, no outdoor e principalmente na embalagem relacionada àquele produto que me interessa. Principalmente na beleza, que mexe com meu físico, não é? Saiba que uma boa apresentação e bons cuidados com a gente mesmo são fundamentais para a nossa vida pessoal e social.

Sei e você também sabe que algumas empresas estão mais antenadas com isso, mas em uma feira desse porte, acreditei que iria se refletir esse momento de força negra que estamos vivendo para dentro dos estandes. Tinha tanto cacho, crespo e melanina perambulando pela feira, o que me deixou encantada. E fica meu desejo de que as próximas feiras venham cada vez mais representativas com o público que atende.

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