Nota o Governo do Estado da Paraíba

NOTA DO GOVERNO DO ESTADO DA PARÁIBA

 

O governo do Estado da Paraíba, por meio da Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana, vem a público trazer informações sobre as ações de governo para promoção da igualdade racial no âmbito do estado da Paraíba, contrapondo ponto de vista, recentemente, publicado no conceituado portal Geledés – Instituto da Mulher Negra.

Temos a compreensão que a problemática que afeta a população negra tem suas raízes em uma sociedade de origem escravocrata, produtora da cultura racista que se perpetua no nosso tempo, se constituindo um dos maiores desafios para a construção da democracia plena. Compreendemos também que a superação das desigualdades raciais exige dos poderes públicos a construção de uma cultura institucional capaz de desenvolver políticas públicas de caráter igualitário, através de ações intersetoriais e em diálogo permanente com o movimento social e o conjunto da sociedade, em consideração aos acordos internacionais e as normativas nacionais.

Ao assumir o governo em 2011, o governador Ricardo Coutinho, em suas primeiras providências, criou a Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana (SEMDH), com a Gerência Executiva de Equidade Racial, mecanismo responsável por desenvolver políticas públicas de promoção da igualdade racial, com ações intersetoriais para população negra, comunidades tradicionais: indígenas, quilombolas, ciganos/as e povo de religião de matriz afro-brasileira.

Ainda em 2011, o governo deu vida ao Conselho Estadual de Igualdade Racial (CEPIR), conselho criado em 2009, sem funcionamento durante dois anos. Com o objetivo de estruturar a política dirigida à população negra, a SEMDH buscou fortalecer o Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial (FIPIR), mobilizando os municípios paraibanos que integram o Fórum; implementou o Comitê Estadual de Saúde da População Negra e assinou o termo de cooperação com o governo federal para execução do Programa Brasil Quilombola na Paraíba, sendo o primeiro estado do país a realizar o mutirão de recadastramento para inclusão no Cadúnico de 100% das famílias quilombolas das 35 comunidades paraibanas certificadas.

Em 2012, pela primeira vez, um governo realizou programação alusiva ao Dia 20 de novembro, envolvendo as secretarias da mulher e da diversidade humana, de saúde, educação, segurança pública, cultura entre outras, com ações intersetoriais. Publicou o decreto no 33.486/2012, que garante a inclusão do quesito raça/cor nos sistemas de informações, fichas de inscrição, formulários, prontuários do estado e apoiou ações de organizações da sociedade civil.

Em 2013, inserimos no Pacto Social – programa de acesso a recursos financeiros do estado pelos municípios – ações voltadas para as comunidades quilombolas, como contrapartida solidária. Realizaremos a III Conferência Estadual de Igualdade Racial, de 22 a 24 de agosto, e estamos mobilizando prefeitos/as para realização das conferências municipais. A SEMDH realizará projeto de formação de gestores municipais em políticas de igualdade racial em convênio com a Secretaria Políticas Públicas de Igualdade Racial da Presidência da República.

Sobre o cumprimento da Lei 10.639/2003 e da Lei 11. 645/2008, a Secretaria de Estado da Educação e o Fórum Estadual de Educação e Diversidade Étnico-Racial ofereceram curso de formação para relações étnico-raciais aos professores, gestores e técnicos da rede pública de educação básica. Ao final do curso, foram executados 304 projetos em 127 escolas, cujo propósito é a melhoria do ensino na escola pública e a implantação das leis, por extensão, o

respeito e valorização às expressões e manifestações culturais das pessoas negras na Paraíba.

Em novembro de 2012, foi lançado o Projeto Olhos Coloridos que propôs a produção de 30 vídeos, por meio de câmeras de celular, onde os estudantes tinham como foco as questões de

identidade racial, cultura, violência, inserção no mercado de trabalho, sistema de cotas, moda, beleza negra e outros temas. Dos 30 vídeos, 10 foram selecionados para compor um vídeo, exibido em 160 praças municipais, tendo em cada município uma participação expressiva da comunidade escolar e da população em geral. O vídeo será exibido nas escolas da rede estadual no segundo semestre de 2013.

No que tange aos indicadores de violência e homicídios de jovens negros na Paraíba, não há resposta discursiva para indicador tão grave e de comportamento epidemiológico em todo país. Este fenômeno revela a associação entre a problemática da violência urbana, a situação de pobreza e a discriminação étnico racial e se coloca como um dos grandes desafios a serem enfrentados pelas três esferas de governo de forma colaborativa, visto que a política de segurança pública em nosso país tem se mostrado insuficiente nas ações preventivas. O governo da Paraíba tem feito grande esforço para enfrentar os altos índices de violência, que em nosso estado até 2010, subiam numa escala anual de 25%. Em 2012, pela primeira vez em 12 anos, os índices de mortes violentas decresceram em 8,2%, impactando principalmente na proteção da população negra. Sabemos que os resultados alcançados ainda estão distantes dos anseios da sociedade e das metas do próprio governo e temos por força da realidade muito trabalho a realizar.

Nesse sentido, o governo da Paraíba firmou o convênio com o Ministério da Justiça e os municípios com maiores índices de violência no Estado, para implantar o programa “Brasil mais Seguro”, que prevê recursos para qualificar a política de segurança e ampliar as ações preventivas, sendo a juventude negra segmento prioritário como beneficiária das políticas preventivas. O governo do estado, através da Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer, buscou o governo federal para pactuar o Plano Juventude Viva, cuja adesão será formalizada em julho de 2013; sendo a Paraíba o 2o estado do Brasil que fará adesão, mobilizando ministérios, secretarias de governo do estado e prefeituras. O Plano tem como objetivo prevenir a violência contra jovens, especialmente negros, sobretudo com a ampliação dos direitos dos jovens para as políticas de educação, trabalho, economia solidária, cultura, esporte e lazer.

Lembramos ainda que este Governo compreende a importância da participação social e se caracteriza pelo fortalecimento dos mecanismos de participação, criando a cultura do orçamento democrático, fortalecendo os conselhos de direitos e realizando todas as conferências. Entende que a crítica deve existir, contanto que seja feita com bases em informações corretas e válidas, sendo construtiva no sentido de aprimorar as ações desenvolvidas e não de negá-las, diminuí-las ou invisibilizá-las. Quem assim o faz, sem distinguir os que de fato tem trajetória e compromisso com as causas sociais, atua, contraditoriamente, para o enfraquecimento da promoção da igualdade racial.

Atenciosamente e com saudações afro paraibanas,

Gilberta Santos Soares
Secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana

 

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