Nota oficial sobre o incêndio de templo religioso em Brasília

Como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, declaramos nosso repúdio veemente contra o atentado que destruiu o templo (Ilê) da Mãe Baiana, em Brasília, esta noite (de 27 de novembro).

Da Câmara 

O incêndio criminoso se reveste dos traços de racismo, ódio e intolerância religiosa, que provocou a perda de objetos religiosos de relevante valor simbólico e que poderia ter causado mortes, caso houvesse pessoas alojadas naquele momento.

Este é mais um incêndio de templo religioso de matriz africana, que tem sido recorrente no Brasil, inclusive no Distrito Federal e Entorno. E atinge uma sacerdotisa que também é conhecida por sua liderança do povo de terreiro em nível nacional.

Exigimos que as autoridades policiais do Distrito Federal apurem com todo o rigor que o caso requer. Do contrário estaria configurada dupla vitimização, como tem ocorrido em outros casos de violência contra templos do Candomblé e da Umbanda, em que prevaleceu o descaso de autoridades policiais e a impunidade dos criminosos.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias tem realizado eventos e agido em prol da tolerância, do respeito e do diálogo entre todas as fés e denominações religiosas, assim como em defesa do Estado laico, como padrões básicos de civilização e prevalência dos direitos humanos.

Condenamos não só os que ateiam fogo a templos. Também devem ser condenadas as manifestações intolerantes e fundamentalistas que dão suporte e encorajam ações violentas como essa que resultou na destruição do templo de Mãe Baiana. Entretanto, não generalizamos, pois somos testemunhas do empenho de lideranças e personalidades de todas as religiões que tem contribuído para o diálogo e o respeito inter-religioso.

 

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