Um misto de emoções marcou o dia 24 de maio de 2011: perda, pesar, saudades, reconhecimento, agradecimento, júbilo, felicidade, gratidão, enfim… A passagem de um construtor de possibilidades negras para outro plano nos traz mais responsabilidades para os que se engajarão na corrida de revezamento por uma Nação efetivamente inclusiva.
Uma justa homenagem do coletivo da Cojira-Rio/SJPMRJ, com total apoio de suas co-irmãs, pode ser apreciada pelo nosso Abdias: o lançamento de um prêmio para jornalistas que leva seu nome, www.premioabdiasnascimento.org.br
Eu, particularmente, guardarei na lembrança, por toda a minha eternidade, o semblante delicado e vigoroso do grande herói, cujo corpo não conseguiu acompanhar a devoção à luta pela causa negra, produzindo pensamentos e contagiando o mundo com sua genialidade guerreira.
Seu corpo não conseguiu acompanhar sua energia. O corpo humano é falho, passível de desmaterializar-se. Somos carne que apodrece. Somos a própria expressão da obsolescência. Do pó para o pó.
Somos pequenos e temos pouco tempo neste plano. Pena que zilhões de jovens e adultos não percebam o quanto são importantes e o quanto é curto o tempo para as realizações em prol do coletivo, em prol da humanidade.
Choro por não ter tido tempo para conhecer os Abdias Nascimentos que foram e que irão.
Choro pelo nosso país não reconhecer os ícones fantásticos do nosso cotidiano, de nossa história fragmentada, de nossas caras pretas cheias de histórias guerreiras.
Abdias do Nascimento é mais uma estrela na constelação de Olorum que foi recepcionado por Zumbi dos Palmares e zilhões de malungas.
Sandra Martins
Cojira-Rio/SJPMRJ