Novo Código da Fifa permite que árbitros terminem o jogo em caso de racismo

Juízes poderão até mesmo atribuir a derrota ao time infrator após “procedimento de três etapas”. Entenda as novas medidas que entram em vigor a partir da próxima segunda

Por GloboEsporte

Photo by Harold Cunningham/Getty Images

A Fifa tornou público o novo Código Disciplinar da entidade nesta quinta-feira. E a luta contra o racismo é um dos pilares. A partir de agora os árbitros podem suspender um jogo de futebol por incidentes racistas. E até mesmo encerrar a partida e atribuir a derrota ao time infrator.

Essa medida, entretanto, só será posta em prática após o juiz aplicar o “procedimento de três etapas” para tais incidentes: solicitar um anúncio público para exigir que tal comportamento pare, suspender o jogo até que essas atitudes cessem e, finalmente, abandonar a partida definitivamente.

– A Fifa não decepcionará as vítimas de abuso racista – disse o órgão em um comunicado, salientando que o novo código, elaborado após consulta das seis confederações de futebol e outras entidades relacionadas, entra em vigor a partir de segunda-feira apenas nas competições oficiais da entidade, incluindo as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 no Catar.

A Fifa também estipulou castigos mais pesados para jogadores e outras pessoas do meio do futebol que que se envolvam em casos de racismo, aumentando de cinco para dez jogos o período de suspensão. E também vai abrir um canal de juízes para ouvirem as vítimas de racismo e discriminação.

Mais mudanças
O código atualizado da Fifa, que não sofria mudanças consideráveis há pelo menos 15 anos, expande o escopo do que é considerado comportamento discriminatório para qualquer coisa relacionada a “raça, cor da pele, origem étnica, nacional ou social, gênero, deficiência, orientação sexual, idioma, religião, opinião política, riqueza, nascimento ou qualquer outra status ou qualquer outro motivo “.

O código também inclui a opção de impor proibições de transferência em clubes que inadimplente em dívidas em processos feitos pela Fifa e pelo Tribunal de Arbitragem do Esporte (CAS).

As mudanças surgem depois de vários incidentes do tipo na temporada passada. A Inter de Milão recebeu ordens para jogar dois jogos em casa a portas fechadas, depois de os seus torcedores terem insultado o zagueiro Kalidou Koulibaly, do Napoli. Koulibaly, que recebeu um cartão vermelho por demonstrar dissidência, foi suspenso por duas partidas, provocando críticas de que a vítima estava sendo punida.

A seleção de Montenegro também recebeu ordens da Uefa para disputar um jogo em casa a portas fechadas, como parte das sanções aplicadas ao comportamento racista de seus torcedores durante uma partida contra a Inglaterra.

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