Número de negros em universidades particulares cresce 264%

Dez anos após a implantação das primeiras leis de cotas no país — no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul—, ao menos ou 23% das vagas em universidades públicas são reservadas para políticas de ação afirmativa. O dado é de um estudo do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Isso representa cerca de 54 mil vagas. Porém, foram as instituições privadas as principais responsáveis pelo aumento da proporção negra e parda no ensino superior.

Dados tabulados pelo Jornal Folha de S.Paulo a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE mostram que, no ensino superior, a proporção de autodeclarados negros e pardos cresceu de 21% para 35% de 2001 a 2009.

No ensino superior público, o aumento foi de 314 mil para 530 mil, uma variação de 69%. No privado, o crescimento foi de 264%, de 447 mil para 1,6 milhão. No total da população, a proporção desses grupos variou de 46% para 51%.

O sociólogo Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, lembra que o aumento da proporção de negros e pardos já havia acontecido no ensino médio por causa da expansão das matrículas nesse setor.

– No caso do ensino superior, como foi o setor privado que mais cresceu, foi nele também que ocorreu o maior aumento de pretos e pardos –, afirma.

Entre as 98 universidades públicas do país, 70 adotam alguma ação afirmativa, segundo o estudo da Uerj.

Uma dessas vagas foi ocupada pela médica recém-formada Mariana Ribeiro, 27, na Uerj.

– Na minha turma, não vi grandes disparidades entre os que passaram via cotas e os demais –, afirma ela.

– É um processo que leva tempo. Corrigir tudo pela política de cotas é difícil, mas ela é melhor do que o que tínhamos antes, que era nada –, afirma João Feres, um dos autores do estudo.

Hoje, ao menos 18 universidades públicas já formaram cotistas. Sete delas fizeram avaliações. Na UnB e nas universidades do Estado do Rio de Janeiro, da Bahia e Estadual de Londrina os alunos cotistas tiveram resultados quase iguais aos dos não cotistas.

Na Federal de Juiz de Fora (na área de ciência e tecnologia) e estadual de Montes Claros o desempenho dos não cotistas foi superior. Já na Universidade Federal da Bahia, eles tiveram avanço superior aos demais durante os cursos.

Fonte: Correio do Brasil

+ sobre o tema

Justiça nega prisão de empresários acusados de torturar funcionários na BA

O Tribunal de Justiça da Bahia negou o pedido de prisão...

‘Elvis Presley era racista, eu nunca trabalharia com ele’, afirma Quincy Jones

O lendário produtor Quincy Jones revelou em entrevista ao...

Seis policiais são presos por chacina em São Paulo

Foram presos temporariamente hoje (24) seis policiais suspeitos de...

Polícia foi criada para controlar pessoas negras e pobres, diz capitão da PM

A violência policial contra pessoas negras é herança da escravidão,...

para lembrar

Equidade e igualdade racial devem orientar ação dos Estados na resposta à COVID-19

Especialistas em direitos humanos das Nações Unidas disseram em...

Un hombre es condenado a prisión por racismo contra indígenas brasileños

Un hombre ha sido condenado a prisión en Brasil...

Ângela Guimarães, coordenadora do Plano Juventude Viva

O Plano Juventude Viva possui agora uma nova coordenadora:...
spot_imgspot_img

Ensino agoniza com calor, descaso e ataques a professores no RS

O Rio Grande do Sul tem registrado nos últimos dias ondas de calor extremas. Algumas cidades chegaram a registrar recordes históricos de temperaturas, como...

Antes do primeiro choro, os lindos negros estão em desvantagens

Negros estão em desvantagem em quase todos os aspectos da vida em sociedade. Digo quase todos porque ganhamos na música, na dança, no futebol,...

Que tipo de racista eu sou?

A pergunta foi feita pela psicanalista Isildinha Baptista Nogueira em um evento da SP Escola de Teatro. Mulher negra em um ambiente eminentemente branco e...
-+=