Nzinga Mbandi (1583-1663) foi uma rainha dos reinos do Ndongo e Matamba no século XVII no sudoeste da África. O seu título real na língua kimbundu, Ngola, foi o nome usado pelos portugueses para chamar aquela zona de Angola. Grande líder, diplomata habilidosa (que sabia falar português e, assim, negociar diretamente com os portugueses), Nzinga era filha de Nzinga Mbandi Ngola Kiluaje e Guenguela Cakombe. Ela viveu durante um período em que o tráfico de escravos do Atlântico e a consolidação do poder dos portugueses na região estavam a crescer rapidamente. Nzinga apareceu nos registros históricos como uma enviada de seu irmão, o Ngola Kia Mbandi, numa conferência de paz com o governador português de Luanda.
Manuel Pedro Pacavira em seu romance Nzinga Mbandi mostra a personalidade forte de Nzinga, aliada à beleza da personagem:
“Não devia ser mulher para se dar lá a essas fitas de puxar a cara, amarrar a testa, alçar os peitos, por o rabo a pino, e coisas outras dessas. Fatos há que nos levam a pensar que ela cresceu bela, carinha bonita, alegre, simpática, sendo o seu defeito: virar bicha-fera-ferida, caso que lhe violassem um direito”. (s/d, p.17)
A peça A Comida de Nzinga, encenada pela companhia do Axé do Teatro XVIII, direção de Rita Assemany, representa o nascimento de Nzinga, seu relacionamento com o pai e o irmão, e com a morte deles, ela assume o reino do Ndongo, já aos 42 anos. Enquanto que Pacavira em seu romance retoma a narrativa de Nzinga deste momento até a sua morte em 1663 aos 81 anos.
Referência:
FRANCO, Aninha. A Comida de Nzinga. Salvador: Teatro XVIII, 2006.
PACAVIRA, Manuel Pedro. Nzinga Mbandi. 3 ed. Angola: União dos Escritores Angolanos, s/d.
Materia original: NZINGA MBANDI, MULHER, NEGRA, GUERREIRA
Foto em destaque: Reprodução site Visão