O cinema perde Benê Silva

 

 

Depois de lutar contra o câncer por seis meses, morreu ontem, no Pronto-socorro de Embu, o ator Benê Silva, 69 anos. O corpo será enterrado hoje, 22/2, às 16 horas, no Cemitério Vale dos Reis (Rodovia Régis Bittencourt, 5901, tel. 11 3441-0974, Taboão da Serra, SP).

Um dos trabalhos mais recente de Benê Silva no cinema foi em Os Desafinados, de Walter Lima Jr., filme lançado em 2008. Em Embu das Artes, onde passou a morar há alguns anos, o ator comandava a Associação de Arte e Cultura Cine Clube Embu das Artes, com a proposta de promover processos de formação e inclusão audiovisuais, através do estímulo à produção de vídeos digitais. Em 2010, o Cine Clube tornou-se ponto de cultura, com a finalidade de produção de filmes sobre a diversidade artística da cidade dentro do projeto Revelando Embu das Artes.

Elke Lopes Muniz

22/2/2011

 

Fonte: Embu

 

 

Benê Silva, ator de 1º “Hair” e cineclubista em Embu, é homenageado pela Câmara

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A Câmara Municipal de Embu lembrou na sessão nesta quarta-feira, dia 23, o ator Benê Silva. A pedido de amigos do artista, o presidente da Casa, vereador Silvino Bomfim, leu um breve relato sobre a trajetória de Benê e determinou um minuto de silêncio em memória dele. Durante homenagem, um pequeno filme foi projetado, no plenário, em reconhecimento ao ator, que idealizou um cineclube em Embu, onde fixou residência e passou os últimos momentos de vida.

O ator, dramaturgo e cineclubista mineiro Benê Silva morreu de complicações decorrentes de um câncer na garganta, na última segunda-feira, 21 de fevereiro, aos 69 anos, no pronto-socorro Central de Embu, e foi sepultado no Cemitério Vale dos Reis (rodovia Régis Bittencourt), em Taboão da Serra. Benê Silva chegou a Embu há alguns anos, passando a integrar a vida cultural da cidade, ligando-se e militando rapidamente no movimento por políticas públicas culturais.

Muito ativo, criou o Cineclube de Embu das Artes, levando a sétima arte a vários bairros da cidade. No ano passado, sua entidade foi uma das escolhidas por edital para abrigar um “Ponto de Cultura”, com apoio da prefeitura e verba do governo federal, em reconhecimento a seu trabalho.

No Embu cultivou amigos, como Raquel Trindade, Renato Gonda, Charles Brait, Solemar, Ney Silva e Alexandre Oliveira, entre outros. Gonda, Brait e Ney estiveram à frente da homenagem na Câmara.

Atuação marcante

Nascido em 16 de agosto de 1942 em Uberaba (MG), Benedito Vicente da Silva foi ator, dramaturgo e cineclubista, estudou artes cênicas na EAD (Escola de Arte Dramática de São Paulo), fez parte do TEN (Teatro Experimental do Negro) na década de 1950, no Rio de Janeiro, com a atriz Ruth de Souza.

Em 1969, o dramaturgo Plínio Marcos citou Benê como um ator negro que poderia ter sido escolhido para o papel de “Pai Tomás” em uma novela da Globo, “Cabana do Pai Tomás” (1969-1970). A emissora carioca preferiu, porém, escolher um ator branco (Sérgio Cardoso – 1925-1972) e “tingir o panaca de preto”, nas palavras de Plínio, em vez de colocar um negro no papel principal.

Dizia Plínio Marcos, no jornal Última Hora (RJ): “O Sérgio Cardoso é o cara que vai se prestar ao triste papel de se pintar de preto pra fazer o ‘Tomás’… enquanto Samuel, Dalmo Ferreira, Benê Silva (formado pela Escola de Arte Dramática), Milton Gonçalves, Antônio Pitanga, Carlão Caxambu e tantos outros atores negros, de valor provado, ficam pegando as rebarbas das quebradas da vida”.

A partir dos anos 1970, Benê participou como ator em diversas produções cinematográficas, no Brasil e no exterior. No Brasil, por exemplo, participou do filme “A Filha do Padre” (1975), dirigido por Tony Vieira.

Foi um dos grandes destaques da primeira montagem brasileira da ópera-rock “Hair”, entre 1969 e 1971, de estrondoso sucesso, em cujo elenco estavam também Sônia Braga, Aracy Balabanian, Neuza Borges, Armando Bógus (1930-1993), Ariclê Perez (1943-2006), entre outros atores.

“Hair” se revelou um manifesto teatral e musical em repúdio à guerra, em geral, e à participação dos Estados Unidos na guerra do Vietnã (1959-1975), em específico. Nos EUA, o espetáculo foi transformado em um filme de longa metragem, com grande sucesso mundial.

Parte da peça pode ser vista em fotos e som original da canção “Aquarius” interpretada pelos atores brasileiros, entre os quais Benê Silva, em http://wn.com/hair__aquarius__musical_vers%C3%A3o_brasileira__1969 .

Nos últimos anos, Benê radicou-se no Embu, criando o “Cineclube de Embu das Artes”, oficializado em 10 de setembro de 2006, agitando a cena cultural, participando de todas as iniciativas, debates, fóruns de discussões relativos à promoção cultural na cidade.

Na cerimônia de inauguração das atividades do Cine Clube Embu das Artes, foi exibido o filme “Vida de Artista”, produção e direção do cineasta João Batista de Andrade, então Secretário Estadual de Cultura, que fez questão de participar pessoalmente do evento, a convite de Benê.

De 13 de setembro a 2 de outubro de 2006, no mesmo Centro Cultural, foi realizada a 1ª Mostra de Filmes Brasileiros de Embu das Artes, quando foram exibidos diversos filmes nacionais.

Benê Silva abre uma lacuna no movimento cultural de Embu, deixando dezenas de amigos e admiradores de seu talento, espírito rebelde, de luta e de vida. Segundo seus amigos, ele sempre dizia estar com sede, adorava beber com os amigos, mas alertava: “Não bebo o meu juízo”.

Quando perguntavam o que ele pensava sobre si mesmo e sua obra, dizia apenas: “Eu, embora seja negro, não sou um negro do movimento. Eu sou um negro em movimento”.

(Márcio Amêndola, com colaboração de Adilson Oliveira – Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal de Embu)

 

Fonte: Embu

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