O empoderamento dos negros e a mudança no mercado de consumo brasileiro e nas relações sociais

por André Torreta

Vá agora em um supermercado de qualquer cidade brasileira, dê uma passada na área de cosméticos, higiene e beleza. São quatro gôndolas para as peles brancas, contra uma para a pele negra. Como isso vai mudar? Vamos aos números da região metropolitana mais rica do Brasil, São Paulo.

Entre 2002 e 2011, a renda média dos trabalhadores negros nos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo cresceu cinco vezes mais do que a dos não-negros: 14,8% e 2,9%, respectivamente. Isso não resolveu o problema por completo. Os negros ainda recebem apenas 61% dos salários (em média) dos não-negros (PED).

De acordo com o Sedae e o Dieese os negros foram os que mais se beneficiaram com o aumento de renda destes últimos anos. A taxa de desemprego diminuiu entre negros e não-negros, mas a diminuição relativa ao negros foi maior. Negros eram de 12,2%; entre os não-negros, de 9,6%. Essa diferença, de 2,6 pontos porcentuais, era de 7,2 pontos porcentuais em 2002. Melhoramos bastante.

No ano de 2011, o Instituto Ethos realizou uma pesquisa com as 500 maiores empresas do país para identificar a participação dos negros e pardos no mercado de trabalho. Em 2003 havia uma participação de 23,4% ante 31,1% em 2010.

Vejamos o que a Fundação Getúlio Vargas fala: “O Instituto Ethos realizou uma pesquisa com as 500 maiores empresas do país para identificar a participação dos negros e pardos no mercado de trabalho. O resultado foi que em 2003 havia uma participação de 23,4% ante 31,1% em 2010 – um aumento significativo. Porém, considerando que os negros ocupam 46% da PEA (População Economicamente Ativa), esses números estão abaixo do esperado)”. Só para lembrar, 50,7% da nossa população é negra.

Vamos ao empreendedorismo. Em São Paulo existe uma feira chamada Feira Preta da qual participam mais de 100 empreendedores. Temos lá, dentre outros, a escola de inglês Ebony English, o Coletivo Caçamba, Os Crespos, Cresposim, Pegada Preta, Baoobaa, O Menelick 2o. Ato e Samba Rock na Veia. Mais exemplos? Os cosméticos para negros cresceram 26% no primeiro semestre do ano, enquanto os convencionais tiveram uma expansão entre 6% e 11%, no mesmo período.

Não importa se o chamado mercado negro é de negros ou mulatos. Definitivamente, o mulato, como falava Darcy Ribeiro, é quem reinará neste país chamado Brasil.

Não é que o mercado vai mudar, o mercado já está mudando, já mudou. Precisamos nos desvencilhar dos preconceitos existentes e sempre nebulosos nas ruas brasileiras. Para mim, enquanto existir um elevador de serviços que não é para serviço, mas sim para serviçal. Teremos problemas. Esse é o apartheid brasileiro. Para complicar, os vereadores de algumas cidades mandaram colocar uma placa dizendo que dentro do elevador é “proibido preconceito contra raça, cor, credo…” ou seja, no resta da cidade pode?

Para quem é empresário, este renascimento do crescimento econômico do povo negro, do mulato brasileiro é uma grande oportunidade. Oportunidade de oferecer, o produto certo, o serviço certo, a este cliente  sempre desassistido.

 

André Torreta expert e profundo conhecedor dos comportamentos e hábitos da “Nova Classe Média Brasileira”. Consultor associado da Empreenda e autor dos livros “Mergulho na base da Pirâmide” e “Agora Vai”

 

Fonte: Exame

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