Alguém avisou à dona da casa que a visitante gostava de cozinhar e aquela, muito solícita, mostra-lhe o que considera uma preciosidade, o livro de receitas da D. Benta.
A sobrinha da visitante, ingenuamente pergunta: “Mas, tia, a cozinheira não era a Anastácia?” “Era”, responde a tia satisfeita. A menina continua, enquanto folheia o livro: “Então, porque o livro de receitas é da D. Benta?” “Boa pergunta”, responde e mira a anfitriã, aguardando algum comentário.
A dona do livro sorri amarelo, diz que a garota é muito esperta, ameaça tocar suas tranças. A menina se esquiva do gesto, agradece o que parece ser um elogio e explica que gente estranha não pode colocar a mão na cabeça da gente.
O mesmo sorriso sem graça da anfitriã se repete e ela busca outra obra de receitas, determinada a agradar a visita ilustre. Traz um volume fino de receitas caribenhas. Na capa, o mar azul ao fundo e na frente, uma banca enorme de pimentas diversas, cuidada por uma mulher negra que gargalha, sem dentes.
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