O machismo não tem graça! Nota de repúdio à charge do jornal O Globo.

Nós, mulheres e feministas da Marcha Mundial de Mulheres do Rio de Janeiro repudiamos a charge de hoje, 17 de abril, publicada na capa do jornal O Globo. A charge sugere que mulheres, mesmo em posições de liderança, estão sempre submetidas aos homens, suas ordens e escolhas, o que nos torna, mais uma vez, objeto de um imaginário machista onde nós, mulheres, somos desqualificadas continuamente.

O machismo atua baseado em um repertório de simbologias, discursos, crenças e piadas que se concretizam na pratica produzindo um mundo extremamente desigual. No Brasil, a cada 15 segundos uma mulher sofre algum tipo de violência. Nós, mulheres continuamos ganhando em média 30% a menos do que os homens, mesmo quando ocupamos a mesma função. Nós, mulheres, trabalhamos 16 horas semanais a mais do que os homens e ainda sim somos as mais pobres. Nós, mulheres, estamos nas ocupações e empregos mais precarizados, inseguros e sem direitos. Nós, mulheres feministas, ainda lutamos para ocupar os espaços de poder e para que desta forma possamos contribuir para a transformação do mundo rumo à igualdade e emancipação.

A piada sugerida pela charge só nos mostra o quanto ainda temos que caminhar na construção de um mundo onde as mulheres possam exercer sua autonomia e liberdade, a favor de uma sociedade sem opressões e explorações de qualquer tipo. O machismo não tem a menor graça e a nossa luta pela ampliação da participação de mulheres no poder não pode ser ridicularizada. Nós, feministas, repudiamos a charge de hoje assim como repudiamos a desigualdade e violência produzidas pelo machismo em nossa sociedade.

 

Continuaremos marchando, até que todas nós sejamos livres!

 

 

Fonte : Marcha Mundial das Mulheres

+ sobre o tema

Feminismo suave não liberta, mas gera lucro

Por que o feminismo existe? Puxo essa provocação com...

Por uma consciência negra e feminista

Enquanto as mulheres brancas reivindicavam o mercado de trabalho,...

Projeto mapeia profissionais LGBTQIA+ que atuam na área do audiovisual em Salvador

O Projeto Película Colorida vai mapear profissionais LGBTQIA+ que...

Winnie Mandela abre o jogo sobre o futuro da África do Sul, racismo e Nelson Mandela

A ativista antiapartheid e deputada do Congresso Nacional Africano...

para lembrar

Maior desafio de Dilma é vencer o machismo

Muitos  desafios estão no caminho deste novo governo Dilma...

Crônica sobre o racismo em relação à mulher negra

Hoje comprei o "Le monde" pra ver se fico...

Mulheres da Independência: 3 mulheres são heroínas do 2 de Julho

Costureiras, esposas, mães, filhas, negras ganhadeiras que trabalhavam para...

Não serve ao feminismo tentar nivelar ideologias díspares

Por: FÁTIMA OLIVEIRA Não voto em candidaturas antiaborcionistas e entendo...
spot_imgspot_img

Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Intersexo, lançam Comitê Impulsor Nacional para a Marcha Nacional de Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

Durante a abertura da 12ª edição do SENALESBI – Seminário Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais, que acontece de 16 a 18 de maio em...

No DR com Demori, Cida Bento debate a desigualdade racial no Brasil

O programa DR com Demori, da TV Brasil, recebe nesta terça-feira (13) a psicóloga e escritora Cida Bento, que já figurou entre as 50...

Esperança Garcia: quem foi a escravizada considerada a 1ª advogada do Brasil

Acredita-se que Esperança Garcia, uma escravizada que vivia em fazenda localizada a 300 quilômetros de onde hoje é Teresina, no Piauí, tivesse apenas 19 anos quando escreveu...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.