Obama anuncia retirada de 34 mil soldados do Afeganistão

Tropas deixarão o país em um ano, disse o presidente americano em discurso ao Congresso; a proposta visa a conciliar dois lados: dos comandantes militares, que temem que uma redução drástica prejudicará as forças afegãs; e dos civis no Pentágono, preocupados com o custo

O presidente americano, Barack Obama, anunciou na noite desta terça-feira (12/02), em seu discurso no Congresso sobre o estado da União, a retirada de cerca de 34 mil das 66 mil tropas norte-americanas do Afeganistão até fevereiro de 2014, informou um oficial da administração.

“Estamos aplicando esse plano de modo que fortaleça a capacidade e respeite a soberania afegã”, disse o oficial. “Os Estados Unidos se mantêm plenamente comprometidos com sua colaboração estratégica de longo prazo com o governo e o povo afegãos”, acrescentou.

A proposta de redução gradual visa a conciliar dois lados: dos comandantes militares, que temem que uma redução drástica desgastará ganhos em campos de batalha contra o Talibã e prejudicará as forças afegãs, desprovidas de aeronaves de combate e helicópteros de evacuação médica; e dos civis no Pentágono, preocupados com o custo em dólares e em vidas de uma longa permanência de grandes tropas. Os gastos anuais em manter os 352 mil soldados afegãos supera US$4 bilhões.

A decisão impõe uma retirada de tropas diferente do que a desejada por comandantes militares dos EUA no país, que preferem uma redução de não mais que 25 mil tropas neste ano, deixando cerca de 40 mil delas em 2014 e 10 mil após essa data para continuar o treino de forças de segurança locais e garantir a segurança das próximas eleições afegãs, previstas para abril de 2014. A velocidade da retirada das 34 mil tropas deve ficar a cargo do Exército.

Entre esses comandantes está o general John R. Allen, que renunciou ao cargo de comando da guerra há duas semanas para o general Joseph Dunford. Desde o início da guerra, em 2001, houve 11 comandantes de forças norte-americanas no país, cinco dos quais – Allen incluído, e agora Dunford – também lideraram forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Allen foi o único, porém, cujos objetivos eram, ao mesmo tempo, lutar contra forças insurgentes e trazer de volta milhares de soldados e fuzileiros navais dos EUA. “De algum modo, parece que estou deixando para a trás minha família para um futuro incerto“, chegou a dizer.

2014 e além

O papel de combate das tropas norte-americanas deve ser majoritariamente concluído no final de 2014, promessa feita por Obama em 2011. A missão da Otan está programada para terminar no próximo ano. Em 2009, quando foi reeleito, o presidente havia ordenado o aumento de 30 mil soldados no contingente.

Segundo a negociação entre Obama e o president afegão, Hamid Karzai, no mês passado, forças afegãs assumirão a liderança de quase todas as operações militares neste ano, processo concluído até o fim de 2014, enquanto tropas norte-americanas focarão em treinar e apoiar soldados afegãos.

A administração de Obama deve manter algumas tropas no país em 2015 e diante, mas a quantidade ainda está sendo debatida na Casa Branca, precisa ser aprovada pelo presidente e parlamento afegãos e, de qualquer modo, não deve constar no discurso sobre o estado da União de hoje.

O Pentágono, por outro lado, apoia um plano que deixaria no Afeganistão cerca de 8 mil soldados americanos depois que terminasse a missão conjunta dos EUA e a Otan, número que diminuiria significativamente nos dois anos seguintes.

Entre as propostas sob consideração, está a permanência de 2.500 tropas em janeiros de 2015 e de 3.500 a 6.000 tropas até o começo de 2016. A proposta de menos de 1.000 tropas até o início de 2017 manteria os soldados operando em bases fora do país, apoiando os Ministérios de Defesa e Interior afegãos, treinando a força aérea afegã e administrando os bilhões de dólares de ajuda financeira dos EUA.

Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão em outubro de 2001 como resposta aos ataques terroristas em Nova York e Washington, que deixaram mais de 3 mil pessoas mortas e feridas.

* Com informações de Wahington Post e The New York Times

 

Fonte: 247

 

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