O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, inicia na quarta-feira um périplo por vários países africanos que terá como objetivo a reativação das relações políticas e económicas com a África.
A ronda, que irá prolongar-se até dia 03 de julho, terá três etapas: Senegal, África do Sul e Tanzânia.
Até agora, Obama não teve “espaço financeiro” para fazer grandes coisas com África, nem o “entusiasmo” que mostraram os seus antecessores Bill Clinton e George W. Bush, afirmou Jennifer Cooke, diretora para o continente africano do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), citada pela agências internacionais.
Segundo a especialista, o objetivo desta viagem será “demonstrar aos governos africanos e aos seus cidadãos que os Estados Unidos estão empenhados em reencontrarem-se com eles” e “explicar porque os Estados Unidos podem ser bons parceiros de África” em comparação com outros países, como é o caso da China.
Pequim é desde 2009 o primeiro parceiro do continente africano, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE). Dados internacionais indicam que a China investiu 75,4 mil milhões de dólares em África entre 2000 e 2011 – cerca de um quinto do montante total investido no continente -, aproximando-se dos valores canalizados pelos Estados Unidos (cerca de 90 mil milhões de dólares).
“Para os Estados Unidos, não faz sentido afirmar que somos um líder mundial, exceto neste continente (…). Precisamos de estar presentes em África”, disse o conselheiro adjunto norte-americano para a área da segurança nacional, Ben Rhodes, salientando que países como a China, Brasil ou a Turquia têm ampliado nos últimos anos a sua presença nesta região.
Segundo a Casa Branca, Obama, que estará acompanhado pela mulher Michelle e pelas duas filhas, irá focar o périplo nos temas comércio, investimento e oportunidades económicas, mas também no apoio à consolidação democrática no continente.
A paragem mais mediática do périplo será na África do Sul, prevista para sábado e domingo, numa altura em que o país aguarda com impaciência e orações o desenvolvimento do estado de saúde do antigo presidente sul-africano Nelson Mandela, de 94 anos, internado há 17 dias devido a uma infeção pulmonar.
O Presidente sul-africano Jacob Zuma assegurou hoje que a visita do seu homólogo norte-americano será mantida, apesar da deterioração da saúde de Mandela.
“É uma visita importante, porque os Estados Unidos são um grande parceiro ao nível do investimento, do turismo e da tecnologia” para a África do Sul, referiu Zuma, acrescentando que as questões da segurança no continente africano também serão abordadas.
No território sul-africano, Obama irá encontrar-se com Zuma e com o arcebispo e Nobel da Paz Desmond Tutu. Este último encontro vai decorrer durante uma visita a um centro comunitário na Cidade do Cabo.
O Presidente norte-americano vai ainda pronunciar um discurso na Universidade da Cidade da Cabo e participar num evento com jovens na Universidade de Joanesburgo.
O líder norte-americano prevê ainda deslocar-se à antiga prisão de Robben Island onde Mandela, líder histórico da luta contra o regime segregacionista do “apartheid” e Nobel da Paz (1993), esteve preso durante 18 anos para “prestar tributo ao seu extraordinário sacrifício”.
A visita presidencial também será acompanhada à luz das origens africanas do líder norte-americano.
“Os africanos ficaram muito entusiasmados quando o Presidente Obama foi eleito” em 2008, recordou o investigador Mwangi Kimenyi da Brookings Institution (Washington).
“Esperavam um compromisso mais forte 1/8dos Estados Unidos 3/8 face ao passado, em termos políticos, mas também ao nível de visitas, tendo em conta as origens do Presidente”, acrescentou o investigador.
Enquanto Presidente, Barack Obama, cujo pai era queniano, deslocou-se apenas uma vez ao continente africano. Em julho de 2009, o governante realizou uma curta visita ao Gana.
No Senegal, a primeira paragem do périplo, Obama vai encontrar-se com o Presidente senegalês, Macky Sall, e irá participar num evento no Tribunal Supremo para destacar a importância da independência judicial. O governante vai ainda visitar a ilha de Gorée (ao largo da capital Dacar) e assistir a um evento sobre segurança alimentar.
Na Tanzânia, a última paragem da viagem, Barack Obama será recebido pelo Presidente Jakaya Kikwete, bem como irá reunir-se com empresários.
O governante também vai depositar uma coroa de flores na embaixada norte-americana local para homenagear as vítimas dos atentados perpetrados contra as representações diplomáticas no Quénia e na Tanzânia a 08 de agosto de 1998. Cerca de 250 pessoas morreram e mais de quatro mil ficaram feridas nestes atentados.
Fonte: SIC Notícias