Obama pede investigação de morte de jovem negro por vigia na Flórida

Morte de Trayvon Martin, 17, nas mãos de vigia na Flórida gerou protestos.

‘Se eu tivesse um filho, ele seria parecido com Trayvon’, disse presidente

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, considerou nesta sexta-feira (23) que a morte de um jovem negro abatido por um vigia na Flórida representa uma “tragédia” e ressaltou a importância de uma investigação completa para averiguar as circunstâncias de um drama que provocou indignação entre os americanos.

“Não posso imaginar o que estão passando os pais” de Trayvon Martin, de 17 anos, acrescentou Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos. “Se eu tivesse um filho, ele seria parecido com Trayvon”, afirmou, visivelmente emocionado, frisando: “Todos nós devemos realizar um exame de consciência para entender como uma coisa dessas pode acontecer”.


Entenda o Caso


Homicídio impune de jovem negro deixa americanos indignados

Trayvon Martin, 17 anos, foi baleado por vigia que o considerou ‘suspeito’.

Lei da Flórida dá a cidadãos direito a atirar em quem considerar ameaça.

manifA morte de um jovem negro por um vigia branco enquanto caminhava desarmado na Flórida provocou indignação nesta quinta-feira (22) nos Estados Unidos, onde uma petição por justiça já recolheu mais de um milhão de assinaturas em meio a protestos contra a impunidade.

Trayvon Martin, de 17 anos, foi baleado em 26 de fevereiro em Sanford, perto de Orlando (centro da Flórida), quando voltava para casa após comprar doces. Os disparos foram efetuados pelo vigia branco George Zimmerman, de 28 anos, que considerou Trayvon “suspeito” por caminhar pelo bairro encapuzado em uma noite chuvosa.

Zimmerman, que disse à polícia ter agido em legítima defesa, teve que abandonar o setor de condomínios fechados por causa dos pedidos de “justiça” da comunidade e de líderes afrodescendentes que pedem sua prisão. Seu paradeiro é desconhecido.

Mais de um milhão de pessoas, no ritmo de 50.000 assinaturas por hora, já apoiaram uma petição online, pedindo acusações criminais contra Zimmerman, informou nesta quinta-feira a organização Change.org.

Centenas de pessoas participam de protesto pedindo justiça pela morte de Trayvon, na quarta (21), em Nova York (Foto: John Minchillo / AP)

A aparente impunidade de Zimmerman ocorre devido a uma lei da Flórida denominada “Atire primeiro” por seus críticos e “Defenda seu espaço” por aqueles que a apoiam.

Aprovada em 2005, com o apoio do então governador Jeb Bush – irmão e filho dos ex-presidentes George W. Bush e George Bush pai – e impulsionada pela Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), a lei dá aos cidadãos o direito de atirar contra qualquer pessoa considerada uma ameaça à sua segurança em local público.

“Nós queremos uma investigação honesta (…) Não sabemos porque não detiveram” Zimmerman, disse à AFP o diretor executivo da organização afroamericana ColorOfChange, Rashad Robinson.

A polícia de Sanford explicou em um comunicado que “não pode deter ninguém a menos que se determine que houve uma causa provável de que o disparo foi ilegal”, o que não foi determinado, já que Zimmerman afirma ter atirado para se defender e, portanto, está amparado pela lei.

Porta-vozes de igrejas afroamericanas e de organizações de defesa dos direitos civis convocaram para esta quinta-feira uma marcha para pedir uma investigação e que Zimmerman seja detido, depois do voto de censura, na véspera, de vereadores representantes desta cidade próxima a Orlando ao chefe de polícia de Sanford, Bill Lee.

“Gostaríamos de uma revisão independente da ação da polícia neste caso”, disse na quinta-feira o administrador de Sanford, Norton Bonaparte.

Tanto nas redes sociais quanto nos comunicados de organizações afroamericanas, diferentes líderes civis convocam uma grande marcha para esta noite, enquanto a TV mostra a chegada de ônibus repletos de pessoas para participar do protesto.

“Esta não é uma questão de brancos ou negros. É sobre o certo e o errado”, disse Sybrina Fulton, mãe do adolescente morto, que impulsiona a petição da justiça ao lado do marido, Tracy Martin.

O reverendo Al Sharpton, líder da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e comentarista da TV nacional, se reunirá nesta quinta com os pais de Martin e representantes do Departamento de Justiça dos Estados Unidos que estão na cidade para realizar uma investigação conjunta com a promotoria da Flórida e a polícia federal (FBI).

 

Fonte: G1


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