Um estudo liderado por um professor da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, concluiu que existe uma relação forte entre as pesquisas de termos racistas realizadas no Google e a taxa de mortalidade de pessoas negras, ao considerar áreas geográficas. As conclusões dos investigadores, chefiados pelo professor David H. Chae, revelaram que nas áreas onde foram feitas mais pesquisas com as palavras “nigger” ou “niggers” (ambos termos pejorativos usados para a comunidade negra nos EUA), se registou um aumento de 8% de mortes, entre 2004 e 2009. O estudo foi publicado na revista científica PLOS ONE.
Por Leonor Riso, do Sabado.PT
Nos Estados Unidos, constatou-se que os zonas onde mais se fazem pesquisas com estes termos se encontram nos estados americanos do Vermont, Massachussets, Rhode Island, Connecticut, Pensilvânia, Ohio, Virgínia Ocidental, Kentucky, Louisiana, Alabama, Tennessee e Mississípi.
“Este efeito [do racismo] provoca mais de 30 mil mortes entre pessoas negras anualmente em todo o mundo”, afirmou Chae ao site Vox. “A discriminação é mais pérfida hoje em dia. O racismo em vários níveis da sociedade, como na habitação, emprego, e em contextos de justiça criminal, continua apesar de existir legislação protectora”, alerta o académico.
No entanto, David H. Chae adianta que há pesquisas realizadas no Google pela palavra “nigger” que podem não reflectir racismo: por exemplo, as feitas por estudantes ou jornalistas. Além da sua pesquisa, os autores citaram ainda outros estudos que comprovam que o stress e a ansiedade provocados quando uma pessoa é vítima de racismo podem levar à deterioração prematura do corpo, que afecta directamente a saúde, indica o site Vox. “O nosso estudo contribui para comprovar que o racismo cria padrões quanto à mortalidade e gera disparidades raciais na saúde”, concluiu David H. Chae.
No início do estudo, o National Center for Health Statistics (ou centro nacional de estatísiticas sobre saúde) definiu 196 “zonas de mercado”, assim designadas tendo em conta as semelhanças na oferta de canais televisivos, rádios e jornais nos locais. Daqui, foram seleccionadas as áreas onde se faziam mais pesquisas com as palavras “nigger” ou “niggers”.
De seguida, compararam-se os dados às taxas de mortalidade da população negra entre 2004 e 2009 nestes locais, tendo sido verificado o aumento de 8%.
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