ONU: mulheres vivendo com HIV têm até 5 vezes mais chances de desenvolver câncer de colo do útero

Em 2018, estima-se que 570 mil novos casos de câncer de colo do útero em todo o mundo e 311 mil mortes decorrentes da enfermidade tenham sido registrados. Nesta segunda-feira (4), Dia Mundial contra o Câncer, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) lembra que as mulheres que vivem com HIV são até cinco vezes mais propensas a desenvolver esse tipo de tumor. Agência pede articulação de serviços de HIV com os de prevenção da doença.

Da ONU

Enfermeira colocando vacina de  HPV na seringa
Vacinação contra o HPV em escola pública de São Paulo. Foto: OPAS

Em 2018, estima-se que 570 mil novos casos de câncer de colo do útero em todo o mundo e 311 mil mortes decorrentes da enfermidade tenham sido registrados. Nesta segunda-feira (4), Dia Mundial contra o Câncer, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) lembra que as mulheres que vivem com HIV são até cinco vezes mais propensas a desenvolver esse tipo de tumor. Agência pede articulação de serviços de HIV com os de prevenção da doença.

Em publicação para marcar a data, a agência da ONU ressalta que, assim como o HIV, o câncer de colo do útero é um problema de saúde alimentado por desigualdades sociais, econômicas e políticas. Os países de baixa renda são os que mais sofrem, com quase 80% de todos os casos e 90% das mortes por esse tipo de tumor.

A enfermidade pode ser evitada com a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) e, caso seja detectada e tratada precocemente, pode ser curada. Se a prevenção, triagem e tratamento do câncer de colo do útero não forem urgentemente ampliados, especialistas estimam que, até 2040, pode haver um aumento de 50% nos óbitos pela patologia em relação aos níveis de 2018.

De acordo com o UNAIDS, o HIV e o câncer de colo do útero estão fortemente entrelaçados. O câncer cervical é o mais comum entre as mulheres que vivem com HIV, que são até cinco vezes mais propensas a desenvolver esse tipo de tumor do que outras mulheres. Na África Subsaariana, o câncer de colo do útero é o câncer mais fatal entre as mulheres.

Apesar dos riscos maiores entre esse segmento populacional, muitas mulheres vivendo com HIV não têm acesso a exames regulares ou tratamento para o câncer de colo do útero. Um estudo de 2016 no Malauí mostrou que apenas 19% das mulheres entre 30 e 49 anos e que viviam com HIV já haviam sido examinadas para esse tipo de câncer. Entre as mulheres mais pobres, o índice caía para 2%.

“É inaceitável que mulheres em todo o mundo estejam morrendo por conta do câncer de colo do útero porque não têm acesso a vacinas capazes de salvar vidas, exames e tratamento”, ressalta a consultora especial do UNAIDS, Ani Shakarishvili.

“Salvamos a vida de uma mulher garantindo que ela tenha acesso à terapia antirretroviral para o HIV, mas ela morre devido ao câncer de colo do útero. Os serviços devem estar integrados e disponíveis a todos, sem exceção.”

A vinculação entre o exame do câncer de colo do útero e os serviços de HIV é rentável e salva vidas, aponta o UNAIDS. Em oito países da África Subsaariana, o programa está trabalhando com o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da AIDS (PEPFAR) e com o Instituto George W. Bush para integrar os exames e cuidados do câncer de colo do útero às clínicas onde as mulheres têm acesso aos serviços de HIV. A parceria visa reduzir em 95% o aparecimento do câncer de colo do útero.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou recentemente que vai elaborar uma estratégia para eliminar o câncer de colo do útero como um problema de saúde pública global, uma medida bem recebida pelo UNAIDS.

“Como na resposta global à AIDS, devemos abordar a prevenção e o tratamento do câncer como uma oportunidade para liderar uma ampla coalizão, exigindo a saúde como um direito humano fundamental e universal”, acrescentou Ani.

Em 4 de fevereiro, Dia Mundial contra o Câncer, o UNAIDS reafirma o seu apoio ao chamado global para eliminar o câncer de colo do útero e abordar as desigualdades. O programa pede uma maior conscientização e acesso a prevenção, exames e tratamento de meninas e mulheres em risco, incluindo meninas e mulheres vivendo com HIV.

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