Tenho pena daqueles que acham que o linchamento, físico ou moral, é a panaceia para todos os males de nossa sociedade.
Fico ainda mais compadecido daqueles que urram que a pena de morte é a solução para a imensa crise na segurança pública.
Penso: eles são pobres de espírito, não conseguem perceber que aquilo que pregam com tanta ênfase pode se tornar o seu mais dolorido calvário qualquer dia desses.
Penso: eles são tão desprovidos de inteligência que se mostram incapazes de distinguir a diferença entre Justiça e vingança, ou seja, entre a civilização e a barbárie.
Conheço muitas pessoas assim, que enchem a boca para dizer que “bandido bom é bandido morto” ou para lamentar que não exista a pena capital no Brasil, ou que lamentam que o destino de adolescentes não seja apodrecer em masmorras ao lado de facínoras irrecuperáveis.
Para tais indivíduos ainda resta a desculpa de que lhes falta o minimo de consciência social, ou seja, eles até têm boas intenções, mas simplesmente pensam como bárbaros, provavelmente porque nunca ninguém lhes ensinou como se processou o progresso civilizatório.
Não tenho os mesmos sentimentos, porém, com aqueles que fazem questão de bradar de modo altissonante a sua intolerância, o seu preconceito, o seu ódio por quem quer que seja, como estamos vendo tantas vezes hoje.
As redes sociais, por exemplo, que foram criadas para serem um local de troca de informações e experiências na internet, se transformaram no mais pútrido esgoto, uma cloaca onde são jogados os dejetos mais nauseabundos originados pela mente humana.
E, pelo que se vê, pelo que se lê, tudo indica que esse despropósito só vai aumentar.
A internet, para esses seres patológicos, foi uma libertação: eles puderam, enfim, soltar os seus demônios, sem nenhum temor, sem nenhum freio.
Coitados de nós, os normais, que temos de conviver com tanto lixo.
Até quando?
Não sei e nem quero pensar nisso.
Fonte: Crônicas do Motta