Ou nos levamos a sério ou nos perdemos de vez

Não é engraçado, não é bonito e nos deixa um pouco menores termos brasileiros que não querem pensar em “ética” porque é carnaval ou porque na festa de Momo vale tudo. Não queridos, não vale. Se pensarmos assim, não temos o direito moral de cobrarmos o que quer que seja de nenhum vivaldino (pra ser leve) que arrume aí os seus milhões de maneira escusa e se delicie em paraísos fiscais com o dinheiro do erário público, ou em bom português, o nosso suado dinheirinho.

Por Mônica Francisco, do Jornal do Brasil 

Temos uma relação muita íntima com a África e seus países pelo óbvio, embora haja um esforço sobre-humano para nos manter de  costas para ela e reforçar a todo o instante o imaginário popular com uma África miserável, selvagem, quase primitiva, berço de doenças impronunciáveis ou esdrúxulas.

Um pouco do que experimentamos por aqui também. Ou já se esqueceram dos inúmeros turistas que ficam nus, achando que aqui o tempo parou em 1500 e que logo indiazinhas dóceis lhes beijarão as mãos e que macaquinhos exóticos aparecerão pululando pelas ruas.

Sem contar as comidas estranhas, como uma tal de feijoada, e um hábito esquisito de ter uma pessoa para apertar o botão do elevador para você. Ora, fazer-se de desentendido em se tratando de situações como essa, em que dinheiro de ditaduras sangrentas (se é que alguma não o seja) é usado para fazer um carnaval é um pouquinho demais.

Talvez por isso, fique duro de crer em certas questões, mesmo sendo otimista, como por exemplo, que a Câmara e o Senado nos deem a oportunidade  de vermos uma  reforma política, uma diminuição de privilégios dos poderes constituídos, como por exemplo o fim das bolsas-auxílio de R$ 7.000,00 para filhos de juízes, em um país onde se execra miseráveis que ganham subsídios do governo.

De fato, temos que nos passar a limpo e rever nossos conceitos como nação. Não podemos caminhar na base de dois pesos e duas medidas. Ou nos levamos a sério ou nos perdemos de vez.

“A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!”

*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@ MncaSFrancisco)

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