O papanicolau é o exame utilizado para avaliar precocemente alterações pré-malignas que podem ocorrer no colo do útero, mas ele não dá o diagnóstico de câncer, e neste caso é necessário seguir a investigação com outros exames.
Parte das alterações presentes no colo do útero podem ser causadas pelo HPV, um vírus que pode ser contraído sexualmente, mas com a possibilidade de prevenção através da vacina.
Resumindo, com a vacina podemos reduzir a possibilidade de infecção do HPV e, nos casos de evolução com lesão no colo do útero, se o papanicolau for realizado precocemente é possível diagnosticar e tratar antes que a doença evolua para estágios mais avançados.
O que podemos observar no exame
Se a coleta de material for satisfatória para análise do exame, podemos notar: presença de fungos, bactérias, protozoários ou alterações sugestivas, ou suspeitas de malignidade. Vale destacar que, na presença de corrimento vaginal, o papanicolau não é o melhor exame para avaliação e mesmo negativo não descarta uma infecção vaginal.
Para pesquisar corrimento e infecções vaginais outros exames como culturas de secreção são os mais específicos e indicados do que o papanicolau.
E a inflamação no papanicolau? Tem tratamento?
Se lido sem orientação médica, o laudo do papanicolau pode se tornar um prato cheio para o desespero. É muito frequente que no laudo uma das análises fale sobre a presença de inflamação e aqui vale a pausa para diferenciar inflamação de infecção.
Inflamação é a resposta do nosso organismo a uma mudança, uma forma de se defender. Já a infeção é causada por um agente que pode ser fungo, bactéria ou parasita.
Então, na próxima vez que observar que o laudo do papanicolau mostra a presença de uma inflamação, lembre que essa pode ser uma resposta local e que na maioria apenas a presença dela não é uma indicação de tratamento.
Antigamente os laudos do papanicolau traziam os seguintes resultados:
- Classe I – ausência de células alteradas
- Classe II – alterações benignas
- Classe III – células anormais (incluindo NIC 1, NIC 2 e NIC 3)
- Classe IV – Sugestivo de malignidade
- Classe V – Indicativo de câncer do colo uterino
Por essa classificação as classes I e II são consideradas normais. Recentemente essa classificação tem sido substituída, mas não é infrequente que alguém se depare com ela ou que esteja presente com outras informações.
O que se tem preconizado nos laudos é a descrição mais específica do que foi analisado, informando o tipo de células presentes, se existe algum agente infeccioso e se as células são sugestivas de alterações malignas ou pré-malignas.
Quando realizar o exame?
O Ministério da Saúde recomenda que o exame de papanicolau seja realizado em pessoas entre 25 e 64 anos, podendo ser antecipado para pessoas sexualmente ativas antes dos 25 anos.
A coleta deve ser feita, inicialmente, 1 vez por ano e após dois exames normais consecutivos que ele seja realizado a cada 3 anos.
Quando não realizar?
– Após relação sexual com penetração vaginal, pois o sêmen, lubrificantes ou outros produtos podem alterar o resultado do exame.
– Na presença de sangramento vaginal, pois o sangue pode atrapalhar a avaliação do exame.
– Após o ultrassom transvaginal o exame não deve ser realizado, pois o gel utilizado para o ultrassom pode alterar o exame, neste caso a melhor opção é agendar o papanicolau antes do ultrassom.
O papanicolau é um exame de fácil acesso, em algumas localidades não necessita de agendamento, pode detectar alterações do colo do útero, possibilitado tratamento menos invasivos.
Conhecer e saber as possibilidades pode ser uma forma para evitarmos casos graves de câncer do colo do útero.
Referências:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Colpocitologia oncológica no rastreamento do câncer de colo uterino. São Paulo: Febrasgo; 2021. (Protocolo Febrasgo-Ginecologia, nº 34/Comissão Nacional Especializada em Trato Genital Inferior)
Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016.