Dirigente diz que não tem mais sentido multar ou fazer os times jogarem em estádios vazios
Fifa já aprovou punições maiores como exclusão de torneios e perda de pontos
Yayá Touré defendeu boicote à Copa da Rússia depois de novo caso de racismo envolvendo torcedores do país
LONDRES – O presidente da Fifa, Joseph Blatter, defendeu que os times cujas torcidas ofendem jogadores com insultos racistas sejam excluídos das competições que estão disputando. Em pronunciamento na Inglaterra como parte da celebração dos 150 anos da fundação da federação inglesa de futebol, o dirigente disse que é preciso endurecer a luta contra o racismo, pois multas e jogos com estádios vazios não estão resolvendo o problema.
Em maio, o Congresso da Fifa aprovou a aplicação de penas mais severas contra insultos racistas, incluindo a redução de pontos e a expulsão das equipes dos torneios.
– O Congresso da Fifa decidiu que não tem sentido atacar o racismo com multas, porque sempre se pode encontrar alguém com dinheiro para pagá-las. Também não tem sentido realizar jogos sem espectadores porque vai contra o espírito do futebol e contra a equipe visitante. O que devemos fazer é duro, precisamos eliminar as equipes das competições ou tirar pontos delas. Somente com estas medidas podemos combater o racismo e a discriminação. Se não fizermos isso, as coisas vão continuar iguais – afirmou.
O discurso de Blatter aconteceu dias depois que os jogadores do Manchester City foram alvo de insultos racistas na Rússia, onde a equipe inglesa enfrentou o CSKA Moscou pela Liga dos Campeões da Europa. Os insultos irritaram o volante Yayá Touré, que defendeu um boicote dos jogadores negros ao Mundial da Rússia em 2018.
Apesar do discurso duro contra o racismo, Blatter disse que a Copa de 2018 não corre o risco de não ser realizada na Rússia.
– Nunca dissemos que tiraríamos a competição do país. Isso é impossível – afirmou o dirigente, que não acredita em boicote dos atletas negros.
– Boicotes no esporte raramente são a solução para qualquer problema. Mas todos os países devem seguir a resolução do Congresso da Fifa de maio e ter tolerância zero contra o racismo. Não podemos ir a um país ou sociedade e pedir a ele para parar. A Fifa não tem esse direito. Mas podemos mandar parar isso no futebol e o comitê disciplinar da Fifa pode impor a suspensão ou redução de pontos.
O diretor do grupo antiracismo da Fifa, Jeffrey Webb, deve se reunir com Yayá Touré neste domingo em Londres, onde o Manchester City enfrenta o Chelsea pelo Campeonato Inglês, para conversar sobre o caso de racismo em Moscou. Foi o sexto caso de racismo envolvendo torcedores russos.
O secretário-geral da Fifa, Jèrôme Valcke, disse que conversaria com as autoridades russas sobre o problema durante a sua visita a Moscou nesta semana.
– Vamos até o comitê executivo conversar sobre a situação e os últimos incidentes – encerrou.
Fonte: O Globo