Paranaense lança livro sobre Mazagão Velho

Livro sustenta a idéia de que há um processo de unificação cultural que quer tornar a Amazônia homogênea, ou seja, sustentam que lá, só vivem índios e ribeirinhos, quando na verdade essa comunidade é uma das comunidades negras mais antigas do País, com quase 25 mil negros, habitando no Amapá

Após mais de oito anos de pesquisa no baixo Amazonas, de uma tese de doutorado defendida em 2009 na Universidade Federal de Santa Catarina e de mais de 10 artigos científicos publicados mundo a fora, será lançado nos dias 12 e 13 de agosto em Macapá e em Mazagão Velho, o livro Mazagão Velho – Diásporas Negras, Performance e Oralidade no Baixo Amazonas. A primeira obra sobre aquele município, baseada em uma tese de doutorado, de autoria de Geraldo Peçanha de Almeida, autor de mais de 30 livros na área da educação, já palestrou em todos os estados brasileiros.

No livro, ele conta como uma cidade atravessou o Oceano Atlântico (do Marrocos a Portugal e de Portugal ao Brasil) e passou a viver, há quase 300 anos, completamente desconhecida pela sociedade brasileira.

O livro sustenta a idéia de que há um processo de unificação cultural que quer tornar a Amazônia homogênea, ou seja, sustentam que lá, só vivem índios e ribeirinhos, quando na verdade essa comunidade é uma das comunidades negras mais antigas do País, com quase 25 mil negros, habitando no Amapá.

O livro ainda trata das seguintes perguntas: Quem já ouviu falar que a Amazônia brasileira era terra de negros? Quem já tinha ouvido falar que uma cidade negra inteira havia saído do Marrocos e se instalado no Brasil 300 anos atrás? Quem já ouviu falar em Marabaixo? Quem sabe o que é ser lusoafromarroquino?

Em seus mais de dois anos de pesquisa, Geraldo Almeida observou que os hoje Mazaganenses preservam muito de suas culturas híbridas. Portuguesa em função do colonizador; marroquina, em função da origem de seus antepassados e indígenas, em função da vivência e da proximidade com estes povos.

“Esta comunidade é ímpar em todos os sentidos. Eles possuem um calendário próprio de comemorações, tem a festa de São Tiago mai antiga das Américas e são, sem nenhuma dúvida, absolutamente desconhecidos os brasileiros”,fala autor.

Mazagão Velho – Diásporas Negras, Performance e Oralidade no Baixo Amazonas trás a cultura do povo Mazaganense, seus sonhos, suas trasladações, sua história. Relembra personagens fundamentais para a construção dessa história, como o mestre Biló e a parteira Maria Joaquina, conhecida como Maria Barriga. Traça um breve histórico sobre as escavações arqueológicas.

“Minhas pesquisas demonstram que, quando os colonizadores europeus chegaram à Amazônia, em 1542 (data da primeira expedição de que se tem conhecimento, que desceu o rio Amazonas) encontraram uma população numerosa, com organização social complexa e belicosa, que abrigava aldeias extensas, unificada por um poder supremo, os chamados cacicados. Possuiam uma cultura sofisticada e inovadora, em arte e tecnologia, parte desta cultura, somada àquelas que vieram do Marrocos e de Portugal, se juntaram para constituir hoje o que conhecemos como Mazagão Velho”.

Essas são somente algumas pinceladas das revelações das pesquisas de Geraldo Almeida suas impressões. Há muito mais em seu livro, que se torna fonte para professores, acadêmicos, população afrodescendente, escritores e toda a população do Amapá que deve conhecer o berço de sua tradição e de sua origem.

O lançamento do livro tem o apoio logístico do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e da Prefeitura de Mazagão Velho.

Sobre o autor

Geraldo Peçanha de Almeida é paranaense, Doutor pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Mestre pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); formado em Educação pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp); professor da UFPR; autor de mais de 30 livros na área de educação; já trabalhou em todos os estados brasileiros como palestrante; foi professor e coordenador de ensino superior do Grupo Positivo e da Fundação Getúlio Vargas. Tem como orgulho o fato de ter sido professor, por nove anos, de educação infantil e de alfabetização. Porém, seu maior desafio foi ser palestrante e professor em Moçambique, na África, em fevereiro de 2011. Segundo ele, ofício que mudará para sempre sua trajetória profissional.

convido a todos para prestigiarem o Lançamento do Livro “Mazagão Velho – Diásporas Negras, Performance e Oraliade no Baixo Amazonas”. Dia 12.08, às 17h no Centro de Difusão Cultural João Batista de Azevedo Picanço e dia 13, às 10h30 em Mazagão Velho, no auditório da E. E. Professora Antonia Silva Santos.

O LANÇAMENTO OCORRERÁ EM DOIS MOMENTOS:

Sexta-feira, dia 12.08, no Centro de Difusão Cultural João Batista de Azevedo Picanço:

Às 17h00 o autor palestrar sobre o tema: “O QUE A HISTÓRIA DE MAZAGÃO VELHO PODE ENSINAR SOBRE AFROCULTURA ÀS CRIANÇAS E JOVENS?”

Às 19h00 o lançamento do livro

Sábado, dia 13.08, em Mazagão Velho, no auditório da Escola Estadual Professora Antonia Silva Santos:

Às 10h30

Fonte: Correa Neto

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