Ex-presidente do Atlético Mineiro e prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) tem uma visão pessimista em relação á pandemia do novo coronavírus. “Não vamos sair melhores dessa situação. Ninguém se comove em ver corpo jogado em vala. Quase 1.000 famílias perdendo gente por dia e ainda tem sujeito preocupado em abrir comércio”, diz ele em entrevista ao El País.
A capital mineira lida com situação relativamente estável no sistema de saúde público. Enquanto São Paulo e Rio de Janeiro veem uma iminente lotação dos leitos de UTI e de enfermaria por conta dos contaminados com a covid-19, BH tem 49% dos leitos intensivos ocupados. Já os leitos comuns estão com 70% da capacidade livre.
Para Kalil, ter agido rápido (BH foi uma das primeiras capitais a estabelecer medidas de restrição) foi fundamental para conter o avanço do vírus.
“Na pandemia, a palavra final é dos cientistas. O que eles mandam fazer, eu faço. Como não sou médico nem infectologista, sigo a cartilha e apenas entrego o dinheiro para executarem a parte social e de saúde”, afirma.
Ele faz críticas ao que chama de “politização” da pandemia e lamenta que o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenha refletido em uma espécie de demonização dos prefeitos e governadores.
“A fala de um presidente é muito importante. Se tivéssemos uma liderança federal forte, o combate à pandemia seria bem melhor. Imagine se [João] Doria e Wilson [Witzel] não tivessem parado São Paulo e Rio? O Brasil já teria uns 50.000 mortos.”
Fica parecendo que quem não quer morrer é comunista. E quem quer morrer, mas protesta em caminhonete cabine dupla, é de direita. Enquanto isso, a gente vê cidade que não tem um respirador sequer abrindo o comércio.
Kalil afirma ainda que não conseguiu apoio do governador Romeu Zema (NOVO), com quem tem uma relação conflituosa e é aliado de Bolsonaro. “Zero apoio. O Estado está quebrado.”, completou Kalil.