PCdoB rechaça declaração de Serra sobre aproximação nas eleições

A magra vitória de José Serra nas prévias do PSDB paulistano explicita a fraqueza e a divisão interna do partido. Para o tucano — que amarga duas derrotas à Presidência da República (2002 e 2010) — perder as eleições municipais deste ano pode significar o fim de sua vida pública.

Os apenas 52,1% dos votos — dos minguados seis mil filiados do PSDB que compareceram às prévias — revelam a rejeição de Serra não só junto ao eleitorado, mas também no interior do próprio partido.

Segundo matéria publicada nesta terça-feira na Folha de S.Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou a interlocutores que eles estão enganados se pensam que a campanha de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo será um “passeio”.

Em conversas reservadas, Lula teria ressaltado que Serra, apesar de líder das sondagens — 30% de intenção de votos —, tem uma imagem desgastada e alta rejeição.

Ainda segundo a Folha, Serra teria afirmado que existe a possibilidade de alinhamento com o PCdoB nas eleições municipais de SP. Em entrevista ao Vermelho, o presidente do PCdoB paulistano, Wander Geraldo, rechaçou a possibilidade de qualquer tipo de aliança com Serra.

Ele afirmou que o Partido é histórico adversário político do PSDB no plano nacional, estadual e municipal. “A possibilidade de nos unirmos a Serra nas eleições em São Paulo não existe”.

O dirigente do PCdoB na capital enfatizou que o Partido defende bandeiras importantes como a soberania dos povos e a luta anti-imperialista.

Já os neoliberais tucanos representam exatamente os interesses das nações imperialistas no Brasil. “O Brasil sofreu muito durante o governo de Fernando Collor e de Fernando Henrique Cardoso — que agravou ainda mais a situação. Eles quase destruíram e entregaram o país aos interesses imperialistas, privatizando importantes estatais”.

Wander ressaltou ainda que o PCdoB integra, desde a eleição de Lula, um projeto responsável por importantes transformações políticas e que retomaram o desenvolvimento e o crescimento do país. Ele lembrou que especificamente em São Paulo o Partido se opõe à política do PSDB que representa o sucateamento da educação e da saúde pública. Ele rechaçou ainda a política tucana de criminalização dos movimentos sociais, no estado e na capital paulista.

Mais uma vez, o presidente do Partido em São Paulo reafirmou a pré-candidatura de Netinho de Paula à Prefeitura e disse que atualmente estão sendo realizadas reuniões e discussões com diversos setores para a construção de um programa para a cidade — que combata a desigualdade e incentive o crescimento na maior cidade do país.

Em entrevista à Agência Estado, na semana passada, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo avaliou que Serra é um líder em declínio e que sua entrada na disputa é fruto do “desespero dos tucanos” que temem perder a Prefeitura e, num futuro próximo, a administração do próprio estado, governado pela sigla há quase 20 anos. “Serra chegou ao fim de linha. É uma liderança em declínio”.

Alianças tucanas

Ainda de acordo com a Folha, após a oficialização da candidatura de Serra o tucanato paulistano trabalha para formar alianças na capital. O prefeito Gilberto Kassab (PSD) disse ao seu grupo político que a adesão do PV à candidatura do tucano “é certa”. Outro apoio garantido é o do PP, do deputado Paulo Maluf. A sigla foi atraída pelo governador Geraldo Alckmin, que deu ao PP a chefia da companhia de habitação do governo estadual, a CDHU.

O próprio Serra conversará com o PPS, que hoje banca a candidatura da ex-vereadora Soninha Francine — aliada e grande defensora do tucano nas redes sociais. Alckmin e Serra negociarão ainda com o DEM, que pede em troca do apoio em São Paulo a adesão dos tucanos a seus candidatos em outras.

Nenhuma das alianças “confirmadas” na campanha dos tucanos em São Paulo este ano é considerada novidade. PP e DEM são representantes históricos da direita no país. O PSD, embora Kassab, seu criador, diga que é de centro, é um partido de centro-direita, originário do DEM. Já o PPS — que insiste em se auto-declarar um partido “socialista” — também serve com fidelidade os interesses tucanos. Sem grandes novidades, o PSDB paulistano deve ter que se contentar mesmo com seus velhos aliados da política reacionária brasileira.

Fonte: Vermelho

+ sobre o tema

O Estado emerge

Mais uma vez, em quatro anos, a relevância do...

Extremo climático no Brasil joga luz sobre anomalias no planeta, diz ONU

As inundações no Rio Grande do Sul são um...

IR 2024: a um mês do prazo final, mais da metade ainda não entregou a declaração

O prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda...

Mulheres em cargos de liderança ganham 78% do salário dos homens na mesma função

As mulheres ainda são minoria nos cargos de liderança...

para lembrar

“A verdadeira esquerda é o socialismo”, diz pré-candidato a presidente do PSOL

Plínio de Arruda Sampaio ironiza Serra e Dilma e...

Michel Temer reivindica paternidade da Lei da Ficha Limpa

MÁRCIO FALCÃO Candidato a vice na chapa presidencial de Dilma...

Marcha dos Indignados toma a Espanha e ameaça se alastrar pela Europa

A Espanha, em convulsão por causa da política...

Classe C começa a ser mais da metade no Brasil

Participação das famílias de classe média cresceu de 50,45%...

‘O 25 de abril começou em África’

No cinquentenário da Revolução dos Cravos, é importante destacar as raízes africanas do movimento que culminou na queda da ditadura em Portugal. O 25 de abril...

IBGE: número de domicílios com pessoas em insegurança alimentar grave em SP cresce 37% em 5 anos e passa de 500 mil famílias

O número de domicílios com pessoas em insegurança alimentar grave no estado de São Paulo aumentou 37% em cinco anos, segundo dados do Instituto...

Fome extrema aumenta, e mundo fracassa em erradicar crise até 2030

Com 281,6 milhões de pessoas sobrevivendo em uma situação de desnutrição aguda, a ONU alerta que o mundo dificilmente atingirá a meta estabelecida no...
-+=