Pesquisa mostra que 24% das escolas públicas não discutem o racismo

Sonora: “Acabar com o racismo é importante porque, tipo, o celular de alguém caiu, aí o homem negro vai entregar para a moça e aí vai pensar que é ladrão porque pegou o celular dela só porque é negro. Por causa do racismo.”

Por Juliana Cézar Nunes Do EBC

Créditos: iStock / michaeljung

Júlia Ester Sousa da Silva é uma menina negra de nove anos que mora na Vila Planalto, em Brasília. Ela aprendeu sobre identidade negra e racismo dentro de casa. A irmã mais velha, Mara Karina, de 32 anos, segue os ensinamentos do avô e ensina paraJúlia o que a escola ainda não consegue.

Sonora: “A gente trabalha essa questão racial com a Júlia a partir da valorização mesmo da beleza dela, da beleza negra, do cabelo dela, dela compreender que as pessoas precisam respeitar ela.”

Uma pesquisa do Ceert, Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, mostra que 24% das escolas públicas do Brasil ainda não discutem o racismo. Isso mesmo com uma lei que desde 2003 obriga o ensino das culturas afro e indígena nas escolas.

Um dos grandes desafios que os pesquisadores identificaram é a educação infantil. A professora Débora Tatiana de Morais enfrenta esse desafio há nove anos em uma escola pública do Distrito Federal. Ela acredita que o fundamental é preparar as professoras para o trabalho de conscientização.

Sonora: “É preciso que os profissionais de educação tenham essa qualificação. Entenderem como é que o racismo se apresenta, como que ele se manifesta para depois a gente pensar no combate a ele. Se a gente não conseguir nem reconhecer o racismo, é difícil combatê-lo uma vez que a gente não sabe que ele está ali.”

A ONU, Organização das Nações Unidas, estabeleceu o dia 21 de março como o Dia Internacional contra a Discriminação Racial. Nesta mesma data, em 1960, vinte mil pessoas protestavam o apartheid na África do Sul. Sessenta e nove pessoas morreram e 180 ficaram feridas.

Neste ano, a morte da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, é considerada por movimentos sociais, especialistas e autoridades internacionais um novo marco na luta contra o racismo. A parlamentar negra defendia os direitos humanos, combatendo o racismo, as desigualdades de gênero, a lesbofobia e a violência nas periferias e favelas.

+ sobre o tema

Homem que denunciou racismo de vereador é demitido de condomínio

No dia 23 do último janeiro, Izac Gomes denunciou...

Racismo na MPB: Um estudo Psicanalítico

Esta comunicação tem como objetivo apresentar considerações preliminares sobre...

Milícia no Rio, algumas perguntas

"O crime organizado que não ouse desafiar o poder...

‘Não me sinto em casa’: denúncia de racismo de jovem engenheiro sacode Twitter na França

O jovem engenheiro de informática, Redouane, de 27 anos,...

para lembrar

Comentário racista mobiliza Rolezinho das Caras Pretas em shopping de SSA

Após ouvir comentário racista em uma loja do Salvador...

Fugitivo nazista, Paul Schaefer, construiu paraíso para pedófilos no Chile

Paul Schaefer - fugitivo nazista, que morreu em 2010,...

História Roubada

Quero de volta minha história, roubada ela foi de...

Dia de Lembrança do Holocausto

  O dia 27 de Janeiro foi decretado...
spot_imgspot_img

Ensino agoniza com calor, descaso e ataques a professores no RS

O Rio Grande do Sul tem registrado nos últimos dias ondas de calor extremas. Algumas cidades chegaram a registrar recordes históricos de temperaturas, como...

Antes do primeiro choro, os lindos negros estão em desvantagens

Negros estão em desvantagem em quase todos os aspectos da vida em sociedade. Digo quase todos porque ganhamos na música, na dança, no futebol,...

Que tipo de racista eu sou?

A pergunta foi feita pela psicanalista Isildinha Baptista Nogueira em um evento da SP Escola de Teatro. Mulher negra em um ambiente eminentemente branco e...
-+=