Pesquisador do IPEA defende sistema de cotas raciais para fomentar igualdade racial

 

 

O diretor de Cooperação e Desenvolvimento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Mário Lisboa Theodoro, afirmou na manhã desta quarta-feira (3) que estudos do instituto indicam que a desigualdade racial no Brasil é persistente ao longo da História e que as políticas de cotas no ensino superior são hoje o “principal mecanismo de equalização” desse problema na sociedade brasileira, que convive com o preconceito.

Ele foi um dos participantes do primeiro dia da audiência pública realizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir o sistema de cotas raciais em universidades públicas. A audiência vai subsidiar o julgamento de dois processos que contestam a utilização de critérios raciais para o acesso a vagas nas universidades públicas. O ministro Ricardo Lewandowski é o relator das ações e foi o responsável pela convocação da audiência pública.

Mário Lisboa afirmou que os estudos do instituto mostram de forma “contundente” a desigualdade racial no Brasil e que esse é um dos temas em que não há dissenso no IPEA, um órgão que apontou como plural, com mais de 300 pesquisadores.

O diretor de Cooperação e Desenvolvimento do Ipea apresentou dados estatísticos do instituto que apontam que há hoje no Brasil 571 mil crianças entre 7 a 14 anos fora da escola. Dessas, 62% são negras. Outro dado mostra que um trabalhador negro ganha em média metade do que um trabalhador branco ganha; que o percentual de negros abaixo da linha de indigência é duas vezes e meia maior do que o percentual de branco (71% dos indigentes do país são negros) e que 70% dos pobres são negros.

“Isso tudo nos ressalta, principalmente, que há uma renitente estabilidade dessa desigualdade. As desigualdades raciais no Brasil não são apenas expressivas e disseminadas, como também são persistentes ao longo do tempo”, afirmou, emendando que superar isso é o grande desafio do país.

Para o pesquisador do IPEA, há um “racismo institucional” a ser vencido. Ele afirmou que, mesmo com a melhora do acesso a serviços públicos, a discriminação persiste. “A nossa desigualdade é centralizada pela questão racial, porque naturaliza a desigualdade”, disse, ao apontar a importância de políticas complementares às políticas universais de inclusão, como é o caso do sistema de cotas raciais (uma forma de ação afirmativa), como mecanismo fundamental para mudar essa realidade.

Mário Lisboa informou que, segundo dados do Ipea, o sistema de cotas para negros em universidades públicas contemplou, até o momento, 52 mil estudantes. “São profissionais negros que vão disputar postos de trabalho em igualdade de condição com os outros profissionais. Hoje, pessoas negras têm mais portas fechadas do que a população de origem branca”, ressaltou.

Fonte: STF

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