PM tortura jovens ao acabar com baile funk

Policiais Militares, ao acabar com um baile funk no dia 13 deste mês, obrigaram jovens a descer o morro da Chumbada, em São Gonçalo, de mãos dadas, em fila indiana, e repetindo em voz alta: “Eu amo o 7º batalhão”, tudo sob a mira de fuzis e com ameaças de agressão, de morte e muitos xingamentos. A tortura e a humilhação foram filmadas e divulgadas nas redes socias. “O que o governador tem a dizer sobre isto é a grande pergunta”, questiona Marcos Romão, do Mamapress. O baile teria sido organizado por traficantes

Por  Marcos Romão, no Brasil 247

A tortura coletiva dos jovens negros em São Gonçalo: “Eu amo o 7º batalhão”, repetiam de mãos dadas numa corrente humana ao descerem o morro sob ameaças, xingamento e a mira de fuzis

“Vou tirar o sorriso do seu rosto com uma porrada, ô viado!”

A tortura coletiva dos jovens negros em São Gonçalo que foram obrigados a gritar: “Eu amo o 7º Batalhão”.

Repetiam de mãos dadas numa corrente humana ao descerem o morro sob ameaças, xingamento e a mira de fuzis.

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Esta é a mensagem que a Mamapress recebeu via redes sociais, sobre o que está acontecendo com os jovens, em seus momentos de lazer na cidade de São Gonçalo, no Grande Rio.

Com  55,9% de negros numa população com mais de um milhão de habitantes( 2012) e ocupando em 2010 o 573º lugar no RANKING NACIONAL e 12º lugar no RANKING ESTADUAL de Educação, São Gonçalo apesar de ter uma renda per capita média mensal  de de 455 reais (urbana e rural), além de possuir um forte polo industrial, oferece poucas oportunidades de lazer e divertimento para a juventude.

Notícias de violência em geral nos chegam de São Gonçalo, como acontece em todas as cidades do Grande Rio. Temos entretanto relatos de jovens que relatam maus tratos e perseguições por parte da polícia em seus momentos de lazer.

O vídeo que recebemos de jovens de São Gonçalo, segundo pesquisas nossa, foi feito pela repórter bloguista Roberta Trindade, é um vídeo que nos chocou pelo comportamento bárbaro dos policiais. As filas humanas de jovens meninas e de jovens meninos, a maioria de shorts e roupas simples  presentes na diversão acessível do Baile Funk, nos lembram cenas de guerra em que prisioneiros caminham para Guantánamo..

A polícia parou o baile. O fez por algum motivo, como pode acontecer em qualquer lugar do mundo. Normal, poderiam dizer.
O que se seguiu entretanto é apavorante, quando escutamos os xingamentos e ameaças que os jovens recebem.

São humilhados, obrigados a dar as mãos numa fila indiana sem fim. Alguns devem até rir depois ao comentar para amigos a aventura com a polícia.

Mas muitos ficam com raiva, ódio mesmo. É tudo muito triste, muito triste mesmo!

Nos perguntamos, o que o 7° Batalhão está plantando no meio dos jovens gonçalenses? Que finalidade tem esta política de terror, humilhação e tortura moral feita com as ameaças:

Vou tirar o sorriso do seu rosto com uma porrada, ô viado!”

Tem que se cuidar quando chegar lá embaixo, porque se não vai morrer amanhã!”, “fala alto porra: eu amo o 7° Batalhão”. são os gritos que podemos ouvir dos policiais.

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Respostas dos jovens  já circulam nas redes. São respostas que não falam de amor. São respostas como estas abaixo, que concisas expressam a revolta desses jovens. O que o governador tem a dizer sobre isto é a grande pergunta:

“DEZENAS DE JOVENS TORTURADOS EM SÃO GONÇALO!

“Infelizmente é essa a dura realidade que a juventude negra e pobre de São Gonçalo enfrenta diariamente. Tortura, morte e prisões forjadas por uma polícia criminosa! Quem vê essa fila, percebe que séculos após a abolição, a PM segue nos tratando dentro das favelas e periferias, como animais, como se escravos ainda fossemos.

“Um crime contra a cidadania, contra a cultura e contra a dignidade de nossa cidade. O que acontece com o funk é o mesmo que acontece(u) com a capoeira, com as religiões e com toda nossa cultura. Acabam com o baile como acabavam com as rodas. Quebram nosso som como quebravam nossos berimbaus e atabaques.

“Esse senhor que está a frente do 7º Batalhão tem que ser responsabilizado por essa campanha racista que segue propagando contra o funk de SG. Ele mantém viva uma verdadeira guerra contra o funk e contra a juventude negra.
Suas armas podem nos torturar, nos ferir e até nos matar. Mas enquanto um de nós estiver livre e vivo o grito que vai ecoar da nossa garganta será:

“EU ODEIO O SÉTIMO BATALHÃO! EU ODEIO O SÉTIMO BATALHÃO! EU ODEIO O SÉTIMO BATALHÃO! EU ODEIO O SÉTIMO BATALHÃO! EU ODEIO O SÉTIMO BATALHÃO! EU ODEIO O SÉTIMO BATALHÃO! EU ODEIO O SÉTIMO BATALHÃO!  EU ODEIO O SÉTIMO BATALHÃO! EU ODEIO O SÉTIMO BATALHÃO!”

PM acaba com baile na Chumbada

 

 

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