Podres Poderes

Ainda me lembro na infância, nas aulas de educação moral e cívica, matéria obrigatória nos primeiros anos escolares, das lições sobre o papel dos três poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário – um aprendizado que ocorria durante nos anos de chumbo da ditadura militar, que, a bem da verdade, se lixava para o papel desses poderes.

Por Mauricio Pestana Enviado para o Portal Geledés

De lá pra cá muitas coisas mudaram. Poderes paralelos emergiram-se em nossa sociedade, e em alguns momentos, foram determinantes até para a queda de presidentes como Collor de Melo e Dilma Rousseff. Me refiro ao papel da imprensa, o quarto poder, decisivo para a concretização dos fatos.

Há algum tempo, um outro poder, o do crime organizado contaminou outros poderes em nosso país. A tal ponto que Paulo Sergio Pinheiro, diplomata especializado em direitos humanos chefe da comissão da ONU que investiga a guerra da Síria, afirmou recentemente em entrevista: “Há um conluio do estado brasileiro com organizações criminosas; não há interesse do atual governo, dos empresários e tão pouco de parlamentares, comprados por organizações criminosas, de mudar essa situação”

A face nefasta, cruel e obscura desse outro poder que se fortalece entre nós veio à tona recentemente com a execução de mais de uma centena de presidiários no Amazonas, Rio Grande do Norte e Roraima.

Junta-se a isso, centenas de jovens negros torturados e mortos todas as semanas nas periferias das cidades desse país, seja pela ação da polícia, das milícias, do crime organizado associado ao tráfico de armas e drogas. Assim, podemos afirmar que já vivenciamos um estado de exceção com muito mais vítimas letais mensais do que os 20 anos da última ditadura militar.

E o mais triste de tudo: esse estado de exceção conta com a paralisia da sociedade civil, com inoperância, covardia e apodrecimento dos poderes constituídos que se distancia cada vez mais dos principais alvos dessa carnificina, o povo preto e pobre da periferia.

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