Polêmica na Oktoberfest: morena de origem italiana é eleita rainha de festa alemã

Coroação da jovem no domingo se tornou motivo de polêmica no município de colonização germânica. Olhos castanhos, cabelos negros e um sobrenome de origem italiana.

O perfil de Maíra Farinon, 25 anos, surpreende quem está acostumado a ver uma loira de olhos claros, com um sobrenome difícil de pronunciar, carregar a coroa de rainha da Oktoberfest de Santa Cruz do Sul.

A coroação da jovem no domingo se tornou motivo de polêmica no município de colonização germânica. A decisão dos jurados passou a receber críticas. No Twitter, alguns reprovoram a escolha de Maíra, que já foi rainha da 13ª Festa Estadual do Feijão, em Sobradinho, em 2008.

 

– Minha bisavó era alemã, mas não tenho o perfil típico. Já estava preparada para alguma reação, mas não imaginava que geraria tantos comentários – conta a soberana.

Ela confirma que até os pais se surpreenderam com sua decisão de participar do concurso. Maíra diz que não se abala com as críticas:

 

– Eu sonhava muito com o título. Sou morena, é assim que eu me gosto.

Para a telefonista Christine Araújo, 50 anos, apenas jovens com características alemãs deveriam concorrer.

– Acho que tem de ser loira, de origem alemã, que fale alemão. Não é questão de preconceito, só acho que, por exemplo, uma loira não vai concorrer à mais bela negra – critica.

Há quem conteste o fato de Maíra ser de Sobradinho. A soberana que passou o título para Maíra rebate.

– Quando fui escolhida, também gerei comentários por ser natural de Agudo – diz Michele Wrasse, 22 anos.

A secretária de Turismo do município, Marla Hansen, defende a escolha:

– A escolha está totalmente dentro do regulamento. Ela conhece a cultura germânica e foi a que se saiu melhor.

Soberana de 1990 foi a pioneira com cabelos negros

Em 1990, Sinara Cristina Ensslin se tornou a primeira rainha da Oktoberfest de Santa Cruz a ter cabelos negros. A ex-soberana conta que a escolha surpreendeu, mas não gerou críticas:

– Falavam que eu era a primeira morena, mas nada de contrário à escolha. Acredito que a rainha precisa representar bem o município. Não é o perfil que interessa, até porque muitas meninas clareiam os cabelos.

Fonte:Zero Hora

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...