Polícia reconstitui agressão a vigilante negro no Carrefour de Osasco (SP)

Por: TATIANA SANTIAGO

Após quase um ano da agressão contra o vigilante Januário Alves de Santana, 40, no supermercado Carrefour de Osasco (Grande SP), será feita a reconstituição do crime, na manhã desta terça-feira. Santana, que é negro, afirma ter sido vítima de racismo.

 

Na época, a vítima foi espancada após ter sido confundida com um assaltante, quando tentava entrar em seu carro –um Ford EcoSport–, que estava parado no estacionamento, no dia 7 de agosto. O carro estava registrado no nome da mulher de Santana, que fazia compras no mercado com os dois filhos do casal.

 

A reconstituição está marcada para começar às 10h e terá a participação dos cinco seguranças que agrediram Santana e de dois policiais que insultaram o vigilante, ao invés de socorrê-lo. É a primeira vez que a vítima e os agressores se encontram.

 

“A burocracia do Estado faz com que a Justiça tarde”, diz o advogado de defesa Dojival Vieira. As imagens do circuito de segurança, encaminhadas para perícia na época, tiveram o laudo emitido somente em março deste ano.

 

Segundo ele, inicialmente, o caso foi registrado como lesão corporal, mas deveria ter sido apurado como tortura.

 

“Até agora o inquérito do caso não foi concluído. No início, foi classificado como lesão corporal dolosa, mas eu pedi que fosse incluído como crime de tortura”, diz Vieira. Com as agressões, o vigilante quebrou o maxilar e teve que passar por uma cirurgia. Ele não foi socorrido e foi dirigindo até o hospital.

 

O Carrefour informou que afastou a gerência de sua loja em Osasco (Grande São Paulo) e substituiu a empresa que prestava serviços de segurança para o supermercado após o relato do cliente.

 

A Polícia Militar abriu um procedimento interno para apurar se policiais que atenderam Santana foram negligentes na hora de prestar socorro ao vigilante após a agressão.

 

O inquérito está sendo apurado pela delegada do 9º DP de Osasco (Grande SP), Rosângela da Silva.

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