População em situação de rua aumenta 17 vezes em São Paulo

Pesquisa da UFMG compara dezembro de 2012 e de 2023

Entre dezembro de 2012 e dezembro de 2023, o número de pessoas que vivem nas ruas da capital São Paulo aumentou 16,8 vezes, passando de 3.842 para 64.818. Apesar do aumento, a prefeitura perdeu, no ano passado, cerca de R$ 7 milhões em repasses do governo federal por deixar de atualizar devidamente a base de dados.

Esses são alguns dos apontamentos feitos por uma equipe de pesquisadores do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, do Polo de Cidadania da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O que se usou como referência foram os beneficiários vinculados ao Cadastro Único (CadÚnico), alimentado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

O total de pessoas que vivem sob essa condição na capital levantado pelo observatório, portanto, difere do estimado pela gestão municipal, que é de 31.884 pessoas, de acordo com o último censo, aplicado em 2021 e divulgado em janeiro de 2022. Na análise dos pesquisadores da UFMG, a prefeitura de São Paulo teve a pior taxa de atualização do cadastro, quando comparada à de outras capitais. 

O crescimento da parcela que vive nas ruas de municípios do estado foi ainda mais significativo quando comparados os dois períodos. Em 2012, eram 5.257 pessoas, número que saltou para 106.857 em 2023. 

Trabalho de campo

Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) afirmou que a pesquisa do observatório é realizada com base no CadÚnico, “que é cumulativo e autodeclaratório e pode gerar distorções na análise” e que o censo elaborado pela prefeitura “é resultado de um minucioso trabalho de campo, feito por mais de 200 profissionais”.

“A SMADS destaca que a capital possui a maior rede socioassistencial da América Latina, com mais de 25 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de rua, distribuídas em Centros de Acolhida, hotéis sociais, Repúblicas para Adultos, Vilas Reencontro, entre outros. Atualmente, são 379 serviços de acolhimento com foco na autonomia”, acrescentou a secretaria. 

“Somente em 2023, 9.992 pessoas que estavam acolhidas nos serviços da rede socioassistencial obtiveram saída qualificada – quando o acolhido alcança a autonomia. São pessoas que conquistaram a moradia autônoma, retornaram ao convívio familiar, conseguiram alojamento em local de trabalho ou foram encaminhadas para Repúblicas ou moradia provisória”, finalizou

+ sobre o tema

Geledés e OEA juntas em Washington

Em parceria com a Missão Brasileira na Organização dos...

Brasil: pelo fim da intervenção na Comissão de Anistia

Diversas vítimas da ditadura militar brasileira tiveram o pedido...

Avon lança Programa de Estágios EmpregueAfro

Processo seletivo está com as inscrições abertas até 16...

para lembrar

A revolução da internet e a decadência da velha mídia

Tudo se discute menos os meios de comunicação, é...

Jovem acusa médico de negligência durante parto

Parturiente afirma que deu à luz antes de ser...

Duvivier: “O humor da TV aberta bate nas mesmas pessoas que a polícia”

Ao participar do “Emergências”, no Rio de Janeiro, o...
spot_imgspot_img

Saúde passa a monitorar doenças pelo recorte étnico-racial

O Ministério da Saúde lançou o Painel Equidade Étnico-racial, uma nova ferramenta que vai ajudar a monitorar e enfrentar as disparidades entre grupos étnicos e raciais no...

Sempre estivemos aqui. Histórias da ditadura seguem na invisibilidade

Na esteira das comemorações do Globo de Ouro e do Oscar conquistados pelo brilhante filme Ainda Estou Aqui – homônimo da produção literária de Marcelo Rubens...

Como Geledés combate a discriminação racial na arena internacional

As Nações Unidas estabeleceram o dia 21 de março como o Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial como uma data em memória ao Massacre...
-+=